O processo gradual de flexibilização das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus tem aumentado a busca de pessoas pelo litoral norte do estado. Entre os motivos apontados por visitantes e novos moradores da região estão aspectos como a proximidade da capital, o avanço de infraestrutura e os lugares paradisíacos à beira-mar.
Desde junho, locais como a costa de Camaçari, com 42 quilômetros de praias, e a Praia do Forte, em Mata de São João, têm registrado um aumento de 40% nas vendas de imóveis, em relação a igual período de 2019, indicam especialistas do setor imobiliário. E com a proximidade das festas de final de ano e o verão, eles afirmam que a tendência de alta deve ser mantida.
A casa do engenheiro Carlos Eduardo da Cunha, em Praia do Forte, vai ficar pronta em 30 dias. Desde garoto, Carlos tem o costume de passar temporadas em locais à beira-mar, visando fugir da rotina corrida de Salvador. Há 15 anos, o engenheiro tem residência em outro ponto do litoral norte, a praia de Itacimirim, em Camaçari, que recebeu no começo do mês o selo Bandeira Azul pela qualidade da praia.
“O litoral norte tem praias lindas. Eu sempre namorei Praia do Forte, mas a primeira vivência com esta natureza extraordinária foi em Itacimirim, cujos esforços dos moradores permitiram a premiação com o Bandeira Azul, que avalia fatores como a preservação ambiental, a infraestrutura, a qualidade da água. Agora, ter uma casa em Praia do Forte é a realização de um sonho”, diz Carlos.
De acordo com o corretor Iuri Roriz, que atua com empreendimentos imobiliários em Praia do Forte, a procura por casas na região passa por um novo momento. Além da tradicional procura por imóveis de temporada, que segue em alta com a chegada das festas de fim de ano e o verão, é crescente a procura por residências para a moradia fixa.
“Após os primeiros três meses de pandemia, quando o susto do desconhecido foi atenuado, tivemos o aumento de 40% nas vendas de imóveis, na comparação com o mesmo momento do ano passado. Para se ter ideia, de 79 lotes lançados durante a pandemia, todos foram vendidos. Estou falando de lotes à beira-mar, que custam R$ 3 milhões, e casas próximas, de R$ 1 milhão”, explica Roriz.
A titular da Secretaria do Turismo (Setur) de Camaçari, Lúcia Bichara, afirma que o aumento de residentes nas praias da costa, em especial Itacimirim e Guarajuba, que têm o selo Bandeira Azul, trouxe o incremento de 30% no fluxo de carros que passam pelas estradas do município. Ainda segundo a secretária, o aumento foi identificado desde março, na comparação com igual período de 2019.
“Com a pandemia, as pessoas têm procurado o litoral norte pelas belas paisagens e qualidade de vida, seja para temporada ou para moradia. E com o medo de fazer viagens de avião, muitas têm optado por locais próximos da capital e com boa condição de estrada, a exemplo do que encontramos nesses locais”, afirma Lúcia.
Para Sandra Attoe, consultora de marketing, as praias de Itacimirim trazem momentos de paz e descanso. Todos os anos, ela passa de dois a três meses em Itacimirim. “Há três anos e meio faço isso. A faixa de praia tem uma proteção natural, um paraíso sem ondas violentas, além de belezas que te conectam com a natureza e traz paz para a mente”, acrescenta.
O gestor da Associação de Condomínios de Guarajuba, Joel Pereira, afirma que a procura por imóveis em Guarajuba tem aumentado, fator que traz certa surpresa em momento de pandemia. Hoje, segundo Pereira, a intenção das pessoas que buscam residências fixas no local já supera a metade das negociações imobiliárias.
“Desde o começo da pandemia, a quantidade de pessoas que querem morar em Guarajuba supera os 50% de intenções de negócio. Isso está relacionado com a expectativa de construção de escolas, hospitais, além de outras estruturas que tornam possível a mudança de perfil dos residentes, saindo de uma maioria de frequentadores de veraneio para moradores fixos”, diz Pereira.
Restaurantes e hotéis da região estão operando com protocolos
Com mais pessoas no litoral norte, bares, restaurantes e hotéis avançam na retomada dos negócios. O empresário Luciano de Morais, dono do restaurante O Pescador, em Itacimirim, mora há 18 anos na região e comemora a alta de clientes.
Seguindo os protocolos sanitários, o restaurante de Luciano opera com 50% de ocupação e passou por modificações físicas para garantir questões como o distanciamento de dois metros entre as mesas e a disponibilização de recipientes com álcool em gel.
“A gente tem conseguido garantir os clientes e a rentabilidade. Como estou com metade do potencial de operação, a gente consegue usar todas as mesas e organizar a espera para as pessoas que ainda pretendem entrar no estabelecimento”, diz o empresário.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte, Sílvio Pessoa, os estabelecimentos da região estão com boa ocupação e a maior parte consegue manter a rentabilidade, mesmo em período de pandemia.
“Pela mudança de fluxo no litoral norte, os bares e restaurantes estão conseguindo pagar as despesas e ter o seu lucro, ainda que com as restrições impostas pela pandemia. Com relação aos hotéis da região, eles têm mantido uma boa ocupação, principalmente nos finais de semana e feriados”, diz Pessoa.
A Tarde on line
da Redação do LD