Antes de sair de casa para trabalhar, o administrador de empresas Júnior Lopes, 52 anos, borrifou o perfume. Mas foi como se não tivesse feito: não sentiu nada. Ele entendeu na hora – a perda de olfato, assim como do paladar, é um dos sintomas clássicos da covid-19. Só que Júnior, funcionário de um abrigo de idosos, já tinha sido vacinado.
O sintoma veio exatamente 14 dias depois de ter tomado a segunda dose, no dia 19 de fevereiro. Dias antes, sua mãe havia testado positivo. “O resultado dela saiu no dia 9 e a gente convivia muito. No dia 10 de março, eu fiz o exame. No dia 11, recebi o positivo. Só tive dois sintomas: perda de olfato e do paladar”, conta.
Além de ter sido um quadro leve, não durou muito tempo. Em menos de uma semana, Júnior já tinha voltado a sentir cheiros e gostos.
“Sabia que podia acontecer porque, desde o começo, procurei me informar. Acredito que, graças à vacina, não tive nada mais grave”, diz.
Júnior não foi o único a ter covid-19 depois de ser imunizado. Inclusive, à medida que mais pessoas forem sendo vacinadas na Bahia, é possível que relatos como o dele sejam ainda mais comuns. Esse é um cenário esperado, diante do estágio da pandemia que o Brasil vive hoje e também do tipo de vacinas que estão sendo usadas no Programa Nacional de Imunização.
Alguns cientistas até já se preocupam com um possível aumento de casos, se muita gente deixar de tomar os já conhecidos cuidados contra a covid-19, como a higienização das mãos, o uso de máscaras e o distanciamento social.
É por isso que o exemplo do Chile é tão emblemático. O país ocupa o terceiro lugar no ranking dos que mais vacinaram sua população (mais de 40%) – só fica atrás de Israel e Reino Unido, que já imunizaram 61% e 46% de seus habitantes, respectivamente, de acordo com o levantamento Our World in Data, da Universidade de Oxford.
Contudo, o Chile enfrenta uma alta de casos de covid-19 nas últimas semanas. Especialistas atribuem esse cenário, principalmente, à flexibilização das medidas de restrição antes da hora e a uma comunicação oficial inadequada, que não preveniu sobre a importância de manter os protocolos de segurança mesmo depois de receber os imunizantes.
Correio// Figueiredo