O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, confirmou nesta quarta-feira (19) que o volume de insumos para a vacina CoronaVac que chegará ao Brasil na próxima semana será menor do que foi inicialmente previsto. A quantidade confirmada pelo governo chinês é de apenas 3 mil litros de insumo farmacêutico ativo (IFA), mil a menos do que havia sido anunciado pelo Instituto Butantan na última segunda-feira (17).
Os 3 mil litros de insumos para a vacina devem chegar ao Brasil entre os dias 25 e 26 de maio e são suficientes para fabricar cerca de 5 mil doses de vacina.
A CoronaVac é uma vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela farmacêutica chinesa Sinovac, que tem enviado os insumos para que a vacina seja produzida no Brasil. Segundo o Butantan, a Sinovac já tem 10 mil litros de insumos prontos para enviar ao Brasil, mas aguarda a autorização de embarque do governo chinês.
Com o atraso na chegada dos insumos, Dimas Covas prevê que haverá atraso também na entrega das doses da vacina ao Ministério da Saúde. “O Butantan tinha uma previsão de entrega de 12 milhões de doses [da vacina CoronaVac] em maio e 6 milhões em junho [para o Ministério da Saúde]. Para totalizar esse volume, precisaríamos de 10 mil litros [de insumos], que deveriam estar disponíveis no começo de maio. Na primeira previsão, no início desta semana, chegou a informação da Sinovac de que teria solicitado autorização para 4 mil litros [de insumos], e ontem foram autorizados efetivamente 3 mil litros de insumos. Com isso, o cronograma [de entrega de vacina para o Ministério da Saúde] não se cumprirá, e aguardamos a próxima remessa de matéria-prima”, disse Covas.
Dimas Covas informou que, nesta madrugada, houve nova reunião com a Sinovac. Segundo ele, o Instituto Butantan espera que novas remessas de insumos sejam autorizadas pelo governo chinês em breve.
Carência mundial
A produção de vacinas contra a covid-19 no Butantan está paralisada desde a última sexta-feira (14), por falta do ingrediente farmacêutico básico. Segundo o instituto, a falta de matéria-prima ocorreu por problemas burocráticos provocados por declarações de membros do governo brasileiro sobre a China.
No último domingo (16), ao participar da abertura de uma campanha de testagem da população para o novo coronavírus, em Botucatu (SP), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comentou a interrupção na produção de vacinas contra a covid-19 pelo Instituto Butantan por falta do IFA. Queiroga ressaltou que a carência da matéria-prima é mundial. “É importante passar uma mensagem positiva para a sociedade brasileira, e não essa cantilena de que está faltando [IFA]. O Brasil precisa de tranquilidade para superarmos juntos essa dificuldade sanitária”, disse.
Perguntado se os problemas com o IFA poderiam ser reflexo de questões diplomáticas com a China, Queiroga disse que o país asiático tem sido um grande parceiro para o Brasil e que não vê nenhuma fissura nas relações entre o governo brasileiro e o chinês.
“O presidente[ Jair Bolsonaro] tem uma excelente relação não só com a China, mas com todas as nações com que o Brasil estabelece relações internacionais. A China integra um bloco econômico importante que é o Brics, o Brasil faz parte, a Rússia faz parte, e as relações são absolutamente normais”, ressaltou Queiroga.