O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que teme que o surgimento das nova variante do coronavirus identificada em Manaus possa causar uma megaepidemia nos próximos 60 dias em todo o país.
Em entrevista para uma rádio na manhã desta sexta-feira, 5, Mandetta criticou a gestão do Ministério da Saúde, atualmente sob o comando do General Pazuello, pela demora em realizar o sequenciamento genético e identificação da cepa que causou o colapso da rede hospitalar da capital do Amazonas.
“O vírus já está incomodando o mundo inteiro há um ano e duas variantes com índices maiores de transmissão já apareceram na Inglaterra e na África do Sul. A Europa sofre, o sistema de saúde de Portugal entrou em colapso mesmo sendo um sistema forte, e o Brasil não estava testando e fazendo a parte genética da cepa. Precisou que algumas pessoas saíssem de Manaus e chegassem no Japão para que houvesse esse mapeamento da variante. Não sabemos quanto tempo essa cepa estava em Manaus, mas todos vimos a escalada que aconteceu nos últimos meses na cidade e essa cepa ainda não foi estudada. Agora que mandaram para fora do Brasil para saber qual a velocidade de transmissão dela e fazer o cruzamento genético. E, aqui no Brasil, o Ministério da Saúde tira as pessoas de Manaus e manda pros outros estados sem fazer nenhum tipo de protocolo de contenção dessa cepa. Se for uma variante que transmita mais, daqui a 60/90 dias nós corremos muito risco sim de ter uma curva aguda muito alta”, alertou.
De acordo com ele, a pasta deixou a desejar na articulação e organização do combate à pandemia nos estados e a situação pode piorar mesmo com a vacinação, já que sem o trabalho de sequenciamento genético, não há índices sobre a eficácia dos imunizantes que estão sendo ministrados contra essa nova variante.
“O Ministério da Saúde parou de trabalhar como articulador e reforçador da posição de estados e municípios no enfrentamento da doença. Até os números eles não queriam mais dar e precisou que o STF tenha obrigado, além da apuração paralela do consórcio de imprensa. Há uma crise na parte de credibilidade por falta desse enfrentamento e por falta do planejamento da vacinação. Não adquiriram as vacinas em um primeiro momento e só capitularam depois que viram que a população está exigindo a vacina. A cepa da Inglaterra as vacinas cobriram bem. A da África do Sul já houve mais dificuldade. A do Brasil ainda não foi testada. Não estávamos fazendo esse mapeamento genético e essa cepa só foi identificada em dezembro. Esperamos que a vacina seja eficaz contra ela também mas é preciso se preparar para o pior”;
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