Preservar a fertilidade da mulher é um dos principais desafios da medicina reprodutiva, pois o relógio biológico é uma das causas mais frequentes de infertilidade no sexo feminino. Para a mulher que deseja adiar sua maternidade, seja por motivos profissionais ou pessoais, a alternativa é optar por uma das técnicas de preservação da fertilidade, como a criopreservação de óvulos através do método de vitrificação, considerado eficaz e seguro.
“O método de vitrificação tem promovido uma revolução na maternidade”, afirma o ginecologista, Joaquim Lopes, fundador do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva, que integra o Grupo Huntington, um dos principais Grupos de Reprodução Assistida da América Latina.
O médico ressalta que o congelamento deve ser realizado, preferencialmente, antes dos 35 anos, uma vez que após essa idade a quantidade e qualidade dos óvulos diminui acentuadamente. “O sucesso de uma Fertilização in Vitro futura com os óvulos descongelados tem grande relação com a idade em que eles foram congelados”, explica.
“A mulher que deseja adiar o seu projeto de maternidade ou vai se submeter a tratamento oncológico, que pode comprometer a sua fertilidade, deve considerar a possibilidade de congelar seus óvulos”, esclarece a médica Gérsia Viana, especialista em Reprodução Humana e diretora médica do Cenafert. Hoje boa parte das mulheres começam a pensar em ter filhos após os 35 anos, justamente na idade em que a fertilidade feminina entra em declínio e quando as chances de uma gravidez espontânea caem consideravelmente. “A criopreservação de óvulos deve ser incluída no planejamento familiar nesses casos”, explica a especialista.
Vitrificação
Considerado um método mais avançado de criopreservação, a vitrificação proporciona taxas de gestação altas, uma vez que o procedimento preserva as características, a idade e a qualidade dos gametas femininos. “É sempre importante lembrar que o sucesso da técnica está associado com a idade da mulher no momento do congelamento e a quantidade de óvulos congelados, a recomendação é que o congelamento seja realizado antes dos 35 anos de idade”, reforça Gérsia Viana. “Quanto mais jovens forem os óvulos congelados e em maior quantidade, maior a chance de uma fertilização bem sucedida”, explica a especialista.
Durante o processo de congelamento, os óvulos são desidratados e tratados com substâncias crioprotetoras antes de serem congelados. A técnica realiza o ultrarresfriamento dos óvulos em baixíssima temperatura (-196ºC) e de forma muito rápida, preservando a sua qualidade no ato do descongelamento ou desvitrificação para fertilização em seguida.
O congelamento de óvulos possibilita que as mulheres adiem a gestação e ainda que engravidem utilizando os próprios gametas até mesmo depois da menopausa.
Pacientes oncológicos
A criopreservação de óvulos também pode ser indicada para casos de pacientes diagnosticados com determinados tipos de câncer, que precisem passar por tratamentos de quimioterapia e radioterapia. Esses tratamentos podem comprometer a função hormonal e até causar uma infertilidade irreversível por diminuição importante da quantidade de óvulos. “É preciso conscientizar os médicos para a importância de orientar seus pacientes sobre a possibilidade de congelar gametas (óvulos ou espermatozoides) antes de iniciar um tratamento de câncer, especialmente os mais novos ou que ainda não tiveram filhos. Com os avanços no tratamento de câncer, o paciente depois de curado quer retomar sua vida normal, trabalhar, casar e ter filhos”, afirma Joaquim Lopes.
Congelamento de embriões
Outra opção a ser considerada para preservação da fertilidade é o congelamento de embriões para futura implantação no útero. Nesse caso, é feito o procedimento de Fertilização in Vitro. Os óvulos coletados são fertilizados com o espermatozoide do parceiro ou sêmen de doador e os embriões obtidos são congelados para serem implantados no momento que a paciente decidir pela gravidez. A indicação de cada técnica é individualizada e depende de vários aspectos, que devem ser alinhados adequadamente entre a paciente e o especialista em Reprodução Humana.
Saúde reprodutiva
Segundo Gérsia Viana, praticar atividade física regularmente, controlar o estresse e a ansiedade, ter uma alimentação equilibrada, manter uma vida sexual saudável com uma frequência média de três relações por semana, dormir bem e evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas são algumas medidas essenciais para a saúde reprodutiva. “Manter-se no peso adequado, não fumar e praticar sexo seguro também podem fazer a diferença”, destaca a médica. “A obesidade, o tabagismo e as Infecções Sexualmente Transmissíveis podem comprometer a fertilidade nos dois sexos”, acrescenta.
Além dos hábitos saudáveis, as consultas e exames de rotina com o ginecologista são essenciais para a preservação da saúde reprodutiva da mulher. “Ao menor sinal de algo irregular na sua saúde reprodutiva ou mesmo quando se pretende adiar o projeto de maternidade, é importante buscar ajuda especializada para avaliar sua condição reprodutiva”, orienta Gérsia Viana.