Dois jovens adultos do Rio Grande do Sul se tornaram os primeiros casos do Brasil de pessoas infectadas simultaneamente por duas linhagens diferentes do coronavírus. A descoberta, alertam cientistas, só evidencia a grande circulação do Sars-CoV-2 e a urgência de vacinar o maior número de pessoas no menor tempo possível. Uma das linhagens presentes nos dois casos é a P2, originada no Rio de Janeiro e que tem a temida mutação E484K. Essa mutação preocupa porque parece dar ao coronavírus a capacidade de escapar do ataque de anticorpos. Isso, em tese, poderia reduzir a eficácia de vacinas. O trabalho, que também identificou mais uma nova linhagem de coronavírus no Brasil, esta do Rio Grande do Sul, foi realizado por cientistas do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, e do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.
Descoberta mostra grande circulação do vírus no país
A descoberta tem implicações imediatas. A primeira é mostrar a grande circulação do coronavírus, elevada ao ponto de possibilitar que uma mesma pessoa fosse exposta num curto espaço de tempo duas vezes ao coronavírus, e que este estivesse presente em linhagens distintas, incluindo a nova P2. Os casos são do final de novembro, período que corresponde à elevação da segunda onda no Sul e à introdução da P2 no estado. Além disso, há desdobramentos de prazo maior, o mais importante deles as possíveis consequências para as vacinas. Os cientistas não sabem o quão comuns podem ser as co-infecções. Mas dizem que não há motivo para pensar que sejam raras.
Reprodução: O Globo
MC