As novidades referentes ao Zika Vírus não param de surgir. Desta vez, o aborto de um bebê baiano levou a novas descobertas relacionadas a doença. Moradora de uma cidade pequena da Bahia, uma mulher de 20 anos sofreu um aborto induzido no oitavo mês de gestação, segundo informações publicadas na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases, uma das mais importantes do mundo. O bebê nasceu morto. Este foi o primeiro caso relatado no mundo de uma condição rara conhecida como hidranencefalia, na qual o bebê tem parte do crânio preenchido por liquido e há a ausência de grande parte do cérebro.
"O cérebro fica destruído", afirmou em entrevista ao Correio o professor de clínica médica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Antonio Raimundo de Almeida, que também é diretor-geral do Hospital Roberto Santos (HGRS). Uma equipe da unidade de saúde foi responsável pelo estudo que deu origem ao artigo. Os cientistas perceberam ainda uma característica conhecida como hidropsia, que é o acúmulo de líquido em diversas partes do corpo. A mulher não apresentou qualquer sintoma durante a gravidez. No entanto, exames de ultrassom mostraram alterações cerebrais graves no feto a partir da 18ª semana.
"Fizemos exames para afastar as outras doenças que provocam hidranensefalia, como toxoplasmose, megalovírus, rubéola e sífilis. Nada disso foi detectado. Só o zika", explicou Almeida.
Para o médico, as novas características relacionadas ao Zika só aumentam a preocupação com relação ao vírus.
"Muita preocupação! A gente acha que essa questão do zika com a microcefalia, e agora com a hidranencefalia, é a ponta do iceberg de algo que pode ser mais sério do ponto de vista do envolvimento do sistema nervoso central e talvez de outros órgãos".
Foto: Reprodução/Correio24