Saúde

ACM Neto anuncia hoje (27) novas medidas para impedir o crescimento do Covid-19 em Salvador

Salvador está entre as quatro capitais brasileiras com sinal forte (prob. > 95%) de crescimento no longo prazo dos casos e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o novo Boletim InfoGripe

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Aumento do número de casos de Covid-19 preocupa especialistas e autoridades / Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil - Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil

 

Salvador está entre as quatro capitais brasileiras com sinal forte (prob. > 95%) de crescimento no longo prazo dos casos e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o novo Boletim InfoGripe, produzido pela Fiocruz, referente à semana epidemiológica 47 (de 15 a 21 de novembro).

Ainda de acordo com o boletim, outras oito capitais apresentaram sinal moderado (prob. > 75%) de crescimento na tendência de longo prazo e somente três capitais registraram sinal de queda.

O prefeito ACM Neto adiantou nesta quinta-feira, 26, que anunciará medidas para frear o crescimento do número de casos da Covid-19. "Amanhã eu vou dar uma entrevista para anunciar medidas que a prefeitura vai voltar a fazer, para prevenir a Covid, para segurar esse crescimento da transmissão. Nos já pagamos um preço muito alto, mas infelizmente a doença está aí", declarou o gestor.

Conforme a Fiocruz, a Bahia é um dos 21 estados nos quais existe ao menos uma macrorregião estadual com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado ou forte de crescimento de SRAG.

Na última terça-feira, 24, o governador Rui Costa disse não cogitar a possibilidade de fechamento da economia. "Isso não está no horizonte e eu não desejo que entre no horizonte. Por isso, estamos fazendo um alerta. Espero que, em mais uma semana, os números voltem a declinar”, afirmou.

"Os novos dados indicam interrupção de queda e sinal de retomada de crescimento. Todas as regiões do país encontram-se na zona de risco e com ocorrência de casos muito altas", afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou que, até a semana epidemiológica 48, no dia 25 de novembro, foram registrados no Sivep-Gripe 34.468 casos hospitalizados de Síndrome Respiratória Aguda Grave, dos quais 61% pelo novo coronavírus, 37,2% não especificados, 0,8% por Influenza, 0,5% por outros vírus respiratórios e 0,4% por outros agentes etiológicos.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto para a Covid-19 no estado é de 65%. Na capital, o último número divulgado foi de 62%. Há expectativa, porém, de que a taxa diminua, com o retorno do funcionamento do hospital de campanha do Itaigara em plena capacidade.

Para Carlos Brites, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), é plausível falar em uma segunda onda local da doença. "A pandemia pode voltar a recrudescer se as medidas de contenção não forem retomadas", diz o infectologista, ao destacar que as ações para conter a propagação do vírus são conhecidas.

"Não há nenhuma novidade nesse aspecto. É fazer o distanciamento, usar máscaras, evitar aglomerações. O que estamos vendo é um abandono disso. Mesmo a higiene das mãos está sendo negligenciada", afirma.

Brites diz que, a depender da evolução da situação, o poder público poderá não ter alternativa a não ser a retomada de medidas de restrição.

"É difícil prever alguma coisa, se teremos fechamento de serviços. Acho que vai depender da intensidade desse aumento de casos. Qualquer previsão agora seria um pouco precipitada Não dá para dizer que já estamos em uma segunda onda, mas há um risco real", afirma o infectologista Robson Reis, professor da Escola Bahiana de Medicina.

Reis chama a atenção para o risco do período de festas de final de ano, pelo aumento da circulação de pessoas em centros de compras e o descumprimento dos protocolos sanitários nas confraternizações, pela "falsa sensação de segurança entre familiares e amigos".

O relaxamento, acrescenta, também cresceu com a retomada das atividades econômicas e as notícias relacionadas à possibilidade de aprovação de uma vacina. Ele acredita, no melhor dos cenários, que uma vacinação em massa só deve ser iniciada após o primeiro trimestre de 2021.

Diretor médico do Hospital Espanhol, o infectologista Roberto Badaró acredita que será necessário "renovar as estratégias" ou "as coisas vão ser difíceis". Para ele, será preciso "redimensionar a atividade laborativa" e abrir leitos para coronavírus em hospitais gerais.

"O hospital de campanha é ineficiente, porque agora são as pessoas com comorbidades que estão se contaminando, ou porque deixaram o isolamento ou por quem vai para a rua e transmite dentro de casa. O lockdown não tem mais espaço, foi uma estratégia passada", opina. Para ilustrar o aumento de casos, Badaró diz que, no final de setembro, o Hospital Espanhol tinha 26 internados e atualmente, são 130.

O secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates, diz que a situação tem sido monitorada pela pasta. "[A Fiocruz] Traz um aumento da média móvel de novos casos, o que é verdade. Não temos aumento nesse momento dos óbitos. Mas mesmo o aumento da média móvel de novos casos ainda [está] muito longe do que foi no auge da pandemia. O aumento de novos casos é um sinal de alerta, mas não há descontrole nesse momento", afirma.

 

A Tarde /// Figueiredo