Representado pela cor lilás, o mês de abril é dedicado à conscientização acerca do câncer de testículo. Este tipo de câncer afeta, principalmente, homens entre 15 e 40 anos e é predominante entre 20 e 34 anos. Idosos e crianças também não estão fora de risco.
“O câncer de testículo geralmente se apresenta como um nódulo no órgão, que pode ou não doer, alterar a consistência, textura e a cor do órgão, e que quase sempre é percebido pelos homens quando eles tocam a parte genital através do autoexame. O homem deve palpar cada um dos testículos à procura de massas anormais, áreas endurecidas ou mudanças sensíveis de tamanho. Se algo estranho for notado, é hora de procurar um urologista. É comum a parceira do paciente ser a primeira a notar tais alterações”, explica o urologista Nilo Jorge Leão, coordenador do Instituto Baiano de Cirurgia Robótica (IBCR).
Há fatores que influenciam na doença. “A doença é mais comum em pessoas de etnia branca e com histórico familiar do problema. Por outro lado, há fatores em que poderíamos intervir. Estudos sugerem que usuários de maconha correm maior risco. Entre eles um publicado em 2019 pela revista científica Journal of the American Medical Association. Tal trabalho concluiu que quem consome maconha a longo prazo pode elevar em até 36% a chance de desenvolver um câncer de testículo. Da mesma forma, a infecção pelo HIV está associada a tumores no testículo, assim como trabalhadores expostos agrotóxicos. Porém, o principal fator predisponente é a chamada criptorquidia − condição em que, ao nascimento, os testículos não se encontram na bolsa escrotal mas dentro do abdômen. Existe uma tendência de que essa situação se resolva sozinha nos primeiros meses após o nascimento. Se, depois de 6 a 12 meses de idade, os testículos não descerem, é indicada a correção cirúrgica”, disse o urologista pediátrico Leonardo Calazans.
Além disso, de acordo com os estudos, homens com criptorquidia tem 3% mais chance de desenvolver câncer de testículo. Há também um risco maior em pacientes com familiares com histórico da neoplasia.
O diagnóstico precoce garante chances de cura maiores que 95%. O tipo de tratamento é definido conforme o estágio em que a doença se apresenta.
A cirurgia de orquiectomia é um dos tipos e consiste na retirada de um ou dos dois testículos. “O fato de perder um testículo geralmente não tem efeito sobre a capacidade de ter ereções e manter relações sexuais. Se ambos os testículos são removidos, os espermatozóides não podem ser produzidos e o homem torna-se estéril. Além disso, sem testículos, o homem não produz mais testosterona (hormônio sexual masculino), o que implicará na necessidade de reposição hormonal. Nos casos mais avançados, é preciso recorrer à radioterapia ou quimioterapia após a cirurgia, para eliminar as restantes células tumorais que podem ter ficado”, garante o especialista.