Auxílio do Réveillon

Centro de Acolhimento oferece serviços a filhos de ambulantes no Festival Virada

A estrutura tem capacidade total para 120 crianças e adolescentes

Foto: Otávio Santos / Secom PMS
Foto: Otávio Santos / Secom PMS

Ambulante no Festival Virada Salvador 2025 e mãe solo, Andressa Santana, 29 anos, encontrou o porto seguro para cuidar dos seus dois filhos, um de 2 meses e o outro de 9 anos, enquanto ela garante uma renda para o sustento da família. As crianças estão no Centro de Acolhimento, Aprendizagem e Convivência (Caac) – Salvador acolhe, desde ontem (27) e até o dia 1º, quando a vendedora trabalha no evento.

Embora eles contem com todos os cuidados, incluindo seis refeições diárias, o caçula ainda se alimenta do leite materno, por isso, a ambulante vai diariamente ao colégio para amamentá-lo antes de se dirigir para a Arena O Canto da Cidade, na orla da Boca do Rio.

“É muito importante contar com esse espaço, porque é um lugar onde a gente sabe que tem segurança para os nossos pequenos. Meu filho mesmo, como mama, eu posso vir aqui a qualquer momento ver ele, amamentar com segurança e voltar. É um lugar onde ele está alimentado e sendo bem cuidado. Toda vez que eu venho aqui, ele está com uma fralda limpinha. É bem gratificante. O coração de mãe aperta, mas é gratificante. É a primeira vez que eu deixo ele, e não tenho o que dizer”, afirma.

Ela conta que, por alguns anos, durante o desenvolvimento do primeiro filho, obteve a licença, mas não pôde trabalhar, porque não tinha com quem deixá-lo.

“Se não fosse o centro de acolhimento, eu não teria como trabalhar. Eu não ia leva-lo comigo, pois o risco é grande. Aqui está sendo o meu porto seguro”, complementa.

Além dos filhos de Andressa, os profissionais do Centro estão cuidando de mais 81 acolhidos. A estrutura tem capacidade total para 120 crianças e adolescentes, portanto ainda está de portas abertas para receber pessoas que necessitem de cuidados enquanto os pais e as mães estiverem trabalhando na festa.

Perfil das crianças no Centro de Acolhimento

Do total de crianças acolhidas, 93% são negras, 47 são do sexo feminino e 35 do masculino; 19 são da faixa etária de 0 a 3 anos; 14 possuem entre 4 e 6 anos; 36 têm entre 7 e 11 anos; 13 são de 12 a 17 anos e nove possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“A importância desse espaço é exatamente essa mãe poder trabalhar, gerar uma renda que muitas vezes ela demora meses para conseguir e ter a tranquilidade de que seus filhos estão em um espaço de cuidado, com muita atividade lúdica, refeição, funcionando durante 24h, contando com equipe médica e odontológica, além de atendimento psicossocial. Conseguimos fazer com que essa mãe conheça esse espaço e tenha confiança”, conta Fernanda Lordêlo, titular da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ). A pasta é responsável pelo Centro.

Ela destaca que o primeiro dia desta edição do Festival Virada teve o dobro do número de crianças e adolescentes que foi acolhido na edição anterior.

“Percebemos aí uma confiança dessas mães com o espaço, que faz com que o nosso número aumente significativamente. E ainda assim temos capacidade para 120. A proposta é que, efetivamente, a gente consiga melhorar mais esses números e fazer com que, se necessário, outros espaços sejam abertos com a mesma finalidade”.

Cuidados

O Centro de Acolhimento conta com uma equipe composta por mais de 80 profissionais, incluindo Auxiliares do Desenvolvimento Infantil (ADI), psicólogos e médicos. Além disso há dontologistas, assistentes sociais, nutricionistas, educadores sociais, além de agentes da Guarda Civil Municipal, que realizam atividades lúdicas para as crianças.

Diretor da Atenção Primária e médico da Família, Augusto Batista se sente feliz em poder contribuir para a saúde e integridade dos jovens.

“Percebemos que esse cuidado e contato são extremamente necessários e vão além das questões desses dias de acolhimento, pois encontramos crianças que muitas vezes não têm acesso a algum serviço de saúde. Temos algumas que encaminhamos para cirurgia de hérnia inguinal”.

Além da equipe médica de plantão para o caso de alguma intercorrência, os jovens dispõem também de atendimento odontológico. Uma equipe de saúde bucal com dentista da Saúde Básica avaliou todas as crianças no primeiro dia de atendimento. Neste domingo (29) e segunda (30), as crianças e adolescentes passarão por atendimento e realização de procedimentos no Odontomóvel.

Estrutura

A estrutura tem capacidade para acolher 120 jovens, com idade entre 0 e 17 anos, até o próximo dia 1º de janeiro, ao meio-dia. Situado na Avenida Simon Bolívar, 471, Armação, o Caac conta com berçário, dormitório, refeitório, sala de leitura. Além disso, há TV, brinquedoteca e outros equipamentos de esporte e lazer.

Ambulantes que quiserem deixar a criança no Centro de Acolhimento precisam ir ao local no período de funcionamento. Eles devem levar certidão de nascimento ou RG do menor; documento com foto do responsável, comprovante de residência e o Documento de Arrecadação Municipal.

Fotos: Otávio Santos / Secom PMS

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