Possível compra de votos

Vereador é preso em operação contra crimes eleitorais em Eunápolis

Ele foi detido depois que policiais encontraram uma arma escondida na caixa acoplada ao vaso sanitário

Vereador foi reeleito com a maior votação de Eunápolis na eleição deste ano. Foto: Divulgação
Vereador foi reeleito com a maior votação de Eunápolis na eleição deste ano. Foto: Divulgação

O vereador reeleito de Eunápolis, Adriano Cardoso (PP), foi preso nesta sexta-feira (1º) durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua residência. A operação solicitada pelo delegado de Polícia Civil da cidade foi autorizada pela Justiça Eleitoral e investiga supostos crimes eleitorais cometidos no primeiro turno. Ele foi detido depois que policiais encontraram uma arma de uso restrito com numeração raspada escondida na caixa acoplada ao vaso sanitário.

Além da residência, o gabinete do vereador também foi alvo da ação. De acordo com a representação formulada pela autoridade policial, após a quebra de sigilo telefônico e apreensões feitas no dia da eleição, surgiu a necessidade de novas diligências para aprofundamento das investigações.

O caso teve início quando, no dia 6 de outubro, o juiz eleitoral Heitor Awi Machado de Attayde, acompanhado de policiais militares, realizava diligências relacionadas ao pleito na cidade de Eunápolis. Durante a ronda, a equipe avistou uma movimentação suspeita em uma residência localizada na Avenida Sol Nascente, no bairro Urbis III. De acordo com os autos do processo ao qual a reportagem do PSNotícias teve acesso, o local apresentava fluxo intenso de pessoas, além de veículos e motocicletas estacionados ao redor do endereço.

Documentos apreendidos durante operação realizada nesta sexta-feira (1º)

O magistrado que integrava a comitiva, após ouvir algumas pessoas que estavam na residência, identificou evidências de possível compra de votos. Foram encontradas planilhas com indicação de nomes e valores, além de uma quantidade significativa de santinhos e outros materiais de campanha eleitoral.

“Os indícios coletados até o momento evidenciam um possível esquema de compra de votos, captação ilícita de sufrágio e uso indevido de propaganda eleitoral, configurando uma violação direta às normas estabelecidas pela legislação vigente”, argumentou a autoridade policial em seu relatório.

O delegado que conduziu as investigações frisou que a busca e apreensão solicitada no gabinete se tornaria imprescindível para a obtenção de provas que pudessem confirmar as suspeitas ou eventualmente afastá-las.

Sinal verde

Consultado, o promotor de Justiça Eleitoral de Eunápolis, Rodrigo Rubiale, deu sinal verde. O juiz de direito Otaviano Andrade de Souza Sobrinho acolheu as justificativas do delegado de Polícia Civil e do promotor de Justiça para expedir o mandado de busca e apreensão.

“As investigações iniciadas necessitam de incremento para a completa e minudente elucidação dos complexos fatos criminosos sobre os quais se debruça. Neste contexto, as medidas ora vindicadas se revelam indispensáveis aos legítimos fins pretendidos, uma vez que, com grande probabilidade, permitirá o acesso a outras informações fundamentais ao cabal esclarecimento dos delitos sob investigação”, disse o magistrado em sua decisão que autorizou a operação.

Apreensões

Conforme relatório da equipe que foi ao gabinete do vereador, foram apreendidos itens como uma CPU, uma maquineta de cartão de crédito, diversas cópias de documentos pessoais, resultados de exames, documentos de cirurgias a realizar e realizadas, além de sacolas de clínicas.

Material apreendido no gabinete do vereador foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil da cidade

A reportagem não conseguiu localizar a defesa do vereador. O espaço está aberto para eventuais esclarecimentos.

Presidente da Câmara

Conforme noticiado pelo site A Gazeta Bahia, o presidente da Câmara de Vereadores de Eunápolis, Jorge Maécio (Avante), emitiu uma nota a respeito da prisão do vereador Adriano Cardoso.

Confira a nota:

“Como presidente da Câmara Municipal, ao tomar conhecimento da condução do vereador para a delegacia, determinei ao procurador jurídico da Casa que fosse até a Delegacia de Polícia para tomar conhecimento dos fatos. Estamos aguardando o encerramento das diligencias, ainda em andamento, para um pronunciamento detalhado. Em tempo, informamos que o vereador está sendo acompanhado por um advogado particular.”