Política

União Brasil deve apoiar Lira e encaminha reeleição do presidente da Câmara

A ideia era se antecipar à formação de uma base de partidos que dará sustentação ao governo Lula (PT). Com isso, ele pretende evitar que aliados do petista tenham espaço para lançar um candidato forte para disputar a presidência da Câmara.

José Cruz/Agência Brasil
José Cruz/Agência Brasil

 O comando da União Brasil deve anunciar na próxima semana o apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) à presidência da Câmara. O acordo removeria um dos últimos obstáculos à permanência do deputado no comando da Casa no ano que vem. A eleição ocorre em 1º de fevereiro.

Com 59 deputados eleitos, o partido vinha sendo cobiçado tanto por Lira como por parlamentares interessados em lançar uma candidatura alternativa à do atual presidente da Câmara. O dirigente da União Brasil, Luciano Bivar (PE), trabalhava para viabilizar seu nome na disputa.

O acerto a favor da reeleição de Lira avançou numa reunião na noite da última quarta-feira (16).

Além do presidente da Câmara e de Bivar, estavam presentes Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro e presidente licenciado do PP) e ACM Neto (secretário-geral da União Brasil), entre outros políticos das duas legendas.

O anúncio do apoio está previsto para a próxima quarta-feira (23). No dia anterior, a União Brasil deve reunir a bancada de deputados eleitos para obter o aval dos parlamentares.

Além da aliança na Câmara, o partido pretende dar início à criação de uma federação com o PP –que criaria uma aliança formal entre os dois partidos pelos próximos quatro anos.

“A tendência é compor com Lira por conta do espaço [que será destinado à União Brasil na Câmara] e da federação”, disse Bivar à Folha.

A União Brasil quer ter o direito de escolher três lugares de destaque na mesa diretora da Câmara e entre as comissões mais relevantes da Casa. Um espaço que já foi pleiteado pelo partido é a presidência da CMO (Comissão Mista do Orçamento).

“O que nós queremos é espaço para a bancada pensando no nosso tamanho, é o que mais importa para gente”, acrescentou Bivar.

Segundo o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), presidente licenciado do PP, uma comissão será formada para avaliar a criação da federação.

Esse tipo de aliança prevê que, unidas, as siglas tenham que disputar conjuntamente as eleições municipais, estaduais e nacionais durante quatro anos. Por isso, é preciso resolver divergências regionais antes que ela seja formalizada.

O acordo da União Brasil com Lira deve consolidar o bloco que apoia a recondução do presidente da Câmara.

Lira larga na disputa com PP, PL e Republicanos, que têm 187 deputados eleitos. Estão prontos para se somar a esse bloco o PSD (42 deputados) e, agora, a União Brasil (59) –o que daria à sua candidatura o apoio de partidos que têm 288 dos 513 parlamentares.

Segundo aliados do presidente da Câmara, quatro legendas devem anunciar seu apoio a Lira na semana que vem, além da União Brasil.

O atual presidente da Câmara acelerou nas últimas semanas as articulações para obter declarações públicas a favor de sua reeleição.

A ideia era se antecipar à formação de uma base de partidos que dará sustentação ao governo Lula (PT). Com isso, ele pretende evitar que aliados do petista tenham espaço para lançar um candidato forte para disputar a presidência da Câmara.

A adesão da União Brasil praticamente inviabiliza possíveis adversários. Os partidos que fizeram parte da aliança de Lula na eleição elegeram 136 deputados. Para ter musculatura suficiente para enfrentar Lira, seria preciso contar com o apoio de União Brasil, PSD e MDB.

Com as duas primeiras legendas prestes a anunciar apoio à reeleição do presidente da Câmara, a conta não fecha. O MDB ainda tem planos de articular uma candidatura própria, numa movimentação que envolve o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado eleito Eunício Oliveira (CE).