Pré-candidato a deputado federal pelo PSOL em São Paulo, Guilherme Boulos classificou como vergonhosa a omissão do governo Bolsonaro diante do desaparecimento de um indigienista brasileiro e um jornalista britânico no Vale do Javari, na Amazônia.
Boulos disse ser inadmissível que mesmo após 36 horas do desaparecimento ter sido comunicado, o governo não tenha desprendido todos os esforços necessários para tentar localizá-los.
Ele desembarcou em Salvador nesta terça-feira (6), para o lançamento da pré-candidatura de Marcos Rezende (PSOL) a deputado estadual, e para inaugurar a Cozinha Solidária, projeto do MTST, no Terreiro de Oxumaré, na Federação.
"Uma vergonha, é um governo de milicianos. Eles são cúmplices. É inacreditável que mais de 36 horas depois do desaparecimento de duas pessoas que faziam uma investigação de gente praticando crime ambiental na Amazônia, não haja uma equipe de buscas com todo o esforço e pessoal necessário", lamentou Boulos, candidato à presidência derrotado em 2018, em entrevista ao Portal Salvador FM.
Na noite desta segunda-feira (6), o Comando Militar emitiu uma nota em que dizia que aguardava uma ordem superior para dar início à operação de busca pelos desaparecidos. Segundo Boulos, o conteúdo do texto era uma "atrocidade".
"É uma atrocidade. Quem deveriam esperar? Bolsonaro?", indagou.
Bruno Araújo Pereira, indigienista e ex-membro da Funai, afastado em 2019 após ser perseguido pela atuação contra garimpeiros, viajava para o município Atalaia do Norte (AM), junto com o jornalista Dom Philippe, que colaborava para o The Guardian. Eles sumiram no domingo (5) e até a tarde desta terça-feira (7) não foram encontrados.
Segundo informações da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava), Bruno recebia ameaças constantes de madeireiros, pescadores e garimpeiros da região, incomodados com a sua atuação em proteção ao território indígena.
Especialistas e movimentos criticam a falta de atitude do governo federal e o envio de uma equipe pequena para iniciar as buscas em território vasto e de difícil acesso.
"Os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima à localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas", diz a Univaja.
Dois suspeitos de envolvimento no desaparecimento da dupla foram detidos, prestaram depoimento e foram liberados.
COZINHA SOLIDÁRIA
Boulos participou da inauguração da Cozinha Solidária no Terreiro de Oxumaré, no bairro da Federação, no início desta tarde. Ele conversou com militantes do PSOL, lideranças religiosas e políticas, e almoçou a quentinha que será servida no local para a população necessitada.
A iniciativa é do MTST e a cozinha em Salvador é a 30ª aberta entre os 12 estados do país. Participaram do evento também a pré-candidata a Senado, Tâmara Azevedo, e o pré-candidato da legenda ao Governo da Bahia, Kléber Rosa.