O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a suspensão do contrato para a compra da vacina da Covaxin, anunciada ontem pelo Ministério da Saúde, é uma 'tentativa de ocultação de cadáver'.
Através das redes sociais, Renan indicou que a suspensão não vai mudar o rumo das investigações sobre possíveis irregularidades na compra da vacina indiana contra a covid-19.
O governo fez como aquele assassino que incinera o corpo. O crime não desaparece. O cancelamento do contrato da Covaxin é tentativa de ocultação de cadáver.#cpisalvavidas #CPIpandemia #CPIdaCovid
— Renan Calheiros (@renancalheiros) June 30, 2021
A suspensão do contrato com a Precisa Medicamentos, representante no Brasil do laboratório indiano Bharat Biotech, para compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, foi anunciada ontem pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A decisão ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ser alvo de uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusação de prevaricação.
Na semana retrasada, o jornal Folha de S.Paulo divulgou o depoimento sigiloso de Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde ao Ministério Público Federal em Brasília. Segundo o servidor, que é irmão do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), ele recebeu uma "pressão atípica" para agilizar a liberação da Covaxin.
O Brasil aceitou pagar o valor de US $15 a dose pelo imunizante, bem acima do valor das demais vacinas contra a covid-19 adquiridas pelo país, segundo apuração do UOL. As vacinas da Janssen e parte das vacinas da Pfizer, por exemplo, custaram US $10 a dose. Já a Coronavac, vendida pelo Instituto Butantan, custou menos de US $6 a dose. O acordo foi assinado em 25 de fevereiro e prevê pagar, ao todo, R$ 1,6 bilhão.
O Ministério da Saúde ressalta que, pelo menos por enquanto, trata-se apenas da suspensão [e não da rescisão] do contrato.