Candidata ao Senado pelo PSOL este ano, Tâmara Azevedo é um dos nomes da sigla que defende a participação no governo Jerônimo Rodrigues (PT), na Bahia, e no governo Lula (PT) no âmbito federal.
Para a psolista, é possível manter a independência do partido mesmo compondo os governos eleitos e não se distanciar dos pilares de formação do PSOL, legenda que hoje é a de segunda maior envergadura no campo da esquerda, atrás somente do PT.
"A grande discordância hoje está entre participar do governo, ou não. No caso da Revolução Solidária e Primavera Socialista, correntes do campo majoritário do PSOL, entendemos que a melhor forma de darmos resposta à nossa militância é participando dos governos, levando suas bandeiras, mantendo o seu perfil, para garantir que políticas públicas cheguem, de verdade, na base da população", ponderou Tâmara em entrevista ao programa Fora do Plenário, da rádio Salvador FM, na noite desta quinta-feira (15).
"É um movimento para puxar o governo estadual e federal, para a esquerda, não podemos abandonar esse barco da frente ampla. Uma luta dentro do governo é um compromisso que temos com a nossa base", complementa.
Outra corrente do partido, que tem na Bahia como um dos representantes o deputado estadual reeleito Hilton Coelho (PSOL-BA), reitera o posicionamento contra uma participação no governo, inclusive rejeitando qualquer possibilidade de quadros da sigla assumirem cargos em eventuais secretarias.
A gestora pública viaja neste sábado (17) para São Paulo, onde vai participar da reunião com o diretório nacional do partido para deliberar sobre a posição diante do governo Lula.
"Tem formas diferentes de ver, alguns pensam que tem que ser base na Câmara Federal, que seria suficiente, outros acham que nem isso, que deveria se posicionar de forma independente. Mas, independente, seremos sempre, com bandeiras importantes, sem abrir mão dos nossos ideais", afirma.
ESPECULAÇÕES
Diante do impasse do PSOL sobre o papel no governo Jerônimo, qualquer eventual nomeação não passa de especulação. Recentemente, o nome de Tâmara foi ventilado na Fundação Cultura do Estado da Bahia, e o partido também teria interesse em ocupar a Secretaria de Promoção e Igualdade Racial e Povos Originários.
Tâmara tem envolvimento na área da cultura e foi chefe do setor técnico de turismo étnico da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur).
Com o futuro incerto, a candidata do PSOL com mais de 120 mil votos e com o melhor resultado da sigla no pleito ao Senado, diz que espera de Jerônimo Rodrigues (PT) o compromisso com a área social e no combate à desigualdade na Bahia. Segundo ela, na própria reforma administrativa o governador eleito deu sinais positivos.
"Acho que ele demonstrou isso quando dividiu a SJDHD (Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social) e inclui na antiga Sepromi a superintendência dos Povos Originários. Já demonstra um compromisso de saída, que a área social pode ter um peso significativo para o governo", concluiu.