O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram o ataque do líder do governo Jerônimo na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), ao jornalista da Folha de S. Paulo, João Pedro Pitombo.
O profissional que cobre o estado para o veículo, que é um dos de maior relevância do país, foi chamado de "mentiroso" por Rosemberg por revelar que Aline Peixoto, ex-primeira dama e esposa do atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, omitiu um cargo na Secretaria de Saúde do Estado (Sesab).
Pitombo foi acusado ainda pelo deputado de ser machista e de ser contrário à Bahia, ao noticiar um fato que repercutiu até na imprensa internacional, pela revista inglesa BBC, nas últimas semanas.
Aline Peixoto foi indicada à vaga no Conselho do Tribunal de Contas do Município (TCM). O seu nome será apreciado pelos deputados da ALBA e ela pode ser a primeira mulher a ocupar o cargo no estado.
O cargo é vitalício e tem foro privilegiado.
Leia a nota na íntegra:
"À luz da prática do bom jornalismo, como defendem o Sinjorba e a Fenaj – tão necessário nesse tempo de circulação de fake news -, não há qualquer inverdade na referida matéria, apurada segundo critérios técnicos, com informações confirmadas por fontes da Secretaria de Saúde do Estado e corroboradas pelo ex-secretário da Pasta, o médico Fábio Vilas-Boas, a quem Aline Peixoto, concorrente a uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios, esteve subordinada.
A polêmica em torno da indicação de Aline é concreta, por ser ela esposa do atual ministro da Casa Civil e ex-governador do Estado, Rui Costa (PT). A matéria do jornalista João Pedro Pitombo revela que a candidata ao Tribunal omitiu em seu currículo enviado à ALBA (clique AQUI), que permaneceu como assessora da Secretaria de Saúde no mesmo período em que, como primeira-dama, assumiu a coordenação das Voluntárias Sociais. Ela exerce o cargo na Secretaria de Saúde da Bahia há pelo menos 10 anos, incluindo os oito anos em que seu marido foi governador. No currículo, citou apenas os anos de 2012 a 2014. Portanto, não há mentira na matéria publicada.
O deputado Rosemberg, já envolvido em outras polêmicas com jornalistas, vai na contramão de lideranças nacionais de seu próprio partido que, no plano federal, vêm restabelecendo uma relação respeitosa com a imprensa e seus profissionais, atacados e perseguidos duramente pelo bolsonarismo, entre 2019 e 2022. Observe-se, o parlamentar fez questão de isentar o veículo, mirando somente no repórter (o trabalhador, elo mais fraco), como se este tivesse o poder da decisão editorial de um dos maiores jornais do país. Este ato de tentar descredibilizar o trabalho de João Pedro Pitombo, que ainda foi acusado de ser machista e agir contra a Bahia, fortalece o discurso de ódio que foi construído no último período e que foi banido pelas urnas ano passado.
Ademais, o Sinjorba e a Fenaj chamam atenção da imprensa e de outros segmentos sociais, para a necessidade de se discutir os critérios não técnicos que sempre foram utilizados na indicação aos postos dos tribunais de contas, inclusive na Bahia. Que este caso lamentável de agora alerte para as responsabilidades envolvidas no ato de fazer críticas, além de evidenciar a importância do critério jornalístico nas apurações, para servir à sociedade, contribuir com o combate às fake news e ajudar na mudança de práticas políticas deletérias".