Manifestantes e militância de partidos e movimentos de esquerda se reuniram neste domingo (4) no largo da Batata, zona oeste de São Paulo, em um show pela saída do presidente Michel Temer e pela realização de eleições diretas.
O ato, que começou às 12h e terminou por volta das 18h, foi organizado por blocos carnavalescos e por empresários do setor cultural, como Alê Youssef e Facundo Guerra. Além dos grupos de esquerda Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo.
Segundo os organizadores, 100 mil pessoas participaram da manifestação, em que se apresentaram Mano Brown, Pitty e Chico César, entre outros artistas. Dos políticos, foram ao largo da Batata os deputados federais Ivan Valente (PSOL) e Paulo Teixeira (PT). A Polícia Militar não divulgou estimativa de público.
O protesto não vetava a participação de movimentos que pediram a saída da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No entanto, esses grupos não estiveram no evento.
Muitos dos manifestantes que foram até o largo da Batata não se consideram de esquerda ou direita, mas favoráveis ao combate a corrupção e transparência no governo.
"Espero que esse ato atraia um público diverso, para que as pessoas entendam que as Diretas Já podem unir pessoas diferentes. É importante pensar nessa diversidade e tolerância", disse a pesquisadora Aline Khouri, 27. Ela disse ser necessário planejar a mobilização para que não sejam um "trampolim para um candidato populista e conservador".
A socióloga Maria Luiza Rebouças Stucchi, 59, levou filhos, sobrinhos e netos para o ato: "Meu filho está estudando o que foram as Diretas e o Movimento dos Cem Mil na escola e quis trazê-lo para ele vivenciar isso. Não sei o que vai acontecer, mas estamos vivendo um momento bem parecido de exceção".
A atriz Mônica Iozzi, que apresentou o evento, afirmou ficar "triste de não ver mais gente aqui que votou no Aécio". Ela disse que o objetivo da manifestação era "juntar todo mundo" como nos atos de 2013.
Participantes do ato empunhavam bandeiras e usavam camisas de partidos como PT, PCO e PDT, da CUT (central sindical ligada ao PT) e de movimentos como a CMP (Central de Movimentos Populares) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
O ato teve um posto de coleta de assinaturas em apoio às diretas, organizado pelo PSOL. Também era possível aderir a um abaixo-assinado que pedia a saída do secretário municipal de Cultura de São Paulo, André Sturm.
Sturm foi alvo de protestos na última semana após a divulgação de uma gravação de uma reunião em que afirmava que queria "quebrar a cara" de um agente cultural.
Na semana passada, um grupo de 70 militantes de esquerda invadiu o edifício onde funciona a Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
(Folha) (AF)