Sessenta e dois dos 308 prefeitos que podem disputar a reeleição na Bahia desistiram de se candidatar para o pleito de outubro alegando dificuldades financeiras, o temor de entrarem na malha fina do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e a dificuldade de arrecadação para a campanha eleitoral em ano de vacas magras. Outros 14 gestores estão avaliando se serão candidatos.
O levantamento a que A TARDE teve acesso foi feito pela União dos Municípios da Bahia (UPB) pouco antes das convenções que finalizaram dia 05/08 – como até o dia 15 o TRE estará registrando candidaturas, o número pode até aumentar.
O fenômeno tem ocorrido em diversos estados. Mas na Bahia, com esse número de desistências, serão aproximadamente 20% dos gestores nessa situação.
"Prefeito virou uma profissão de risco", diz Isaac Newton, coordenador do curso de Administração Municipal da Ucsal. Para ele, os prefeitos estão "num momento de medo".
"O prefeito vai para a reeleição e vê o seguinte cenário: dificuldade de dinheiro para custear campanha. Depois, é o chefe do poder executivo que responde até pela nota fiscal não conferida de um técnico. Sem dinheiro, o gasto com pessoal aumenta e ultrapassa o limite da lei. O primeiro efeito é o de o TCM rejeitar suas contas. É o nome do prefeito", diz Isaac.
Outro fato importante mencionado pelo professor é o de que municípios vêm recebendo obrigações de prestarem os serviços, mas os repasses do governo federal não acompanham na mesma proporção. É o caso do SAMU e Programa Saúde da Família. O governo federal dá a ambulância e constrói o posto, mas o custo com pessoal e manutenção é todo do município.
(A Tarde) (AF)