Mudança de abadá
Interlocutores do senador Walter Pinheiro estão certos do divórcio entre o político e o PT, apesar da firmeza com a qual ele nega planos para deixar a sigla. Em conversas reservadas, apontam o PSD como o caminho mais provável de Pinheiro. Primeiro, pela amizade construída nos últimos anos com o cacique da legenda no estado, o senador Otto Alencar, fortalecida após a chegada do aliado ao Congresso. Segundo, pela estrutura do PSD na Bahia, onde possui cerca de 70 prefeitos e base eleitoral sólida em grande parte dos municípios do interior. Para as fontes próximas ao petista, a mudança permitiria a Pinheiro sobreviver politicamente, já que está cada vez mais isolado no PT baiano. Resultado de uma relação que se desgastou bastante desde a eleição de 2014. Contudo, o parlamentar ainda calcula os efeitos da migração para um partido de centro, mas apinhado de representantes da direita conservadora. O que se choca com sua trajetória de líder forjado na esquerda sindical.
Bloco do adeus
Além de Walter Pinheiro, outro virtual candidato petista à prefeitura de Salvador enterrou de vez qualquer probabilidade de entrar no circuito. Ontem, no camarote do governo do estado no Campo Grande, o secretário de Turismo, Nelson Pelegrino, jogou a pá de cal: “A chance é zero”. Para ele, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, é o melhor nome para assumir o figurino. Pelegrino também sepultou pretensões da deputada Alice Portugal (PCdoB), interessada em liderar a chapa da base governista com o PT na vaga de vice. Disse que a candidatura própria em Salvador é cláusula pétrea para o comando petista e ponto final.
Nuvem de confete
Despojado que só, o secretário estadual da Cultura, Jorge Portugal, transformou o que poderia virar saia-justa em mamãe-sacode. Ao pisar os pés no camarote do governo, disparou para convidados que se aglomeravam na entrada: “E aí, já começou esse furdunço?”. De pronto, emendou. em tom de brincadeira: “Ih, rapaz, furdunço aqui é palavra proibida. Então, já começou a algaravia?”. Todos riram com a óbvia referência ao projeto idealizado pela prefeitura.
Marchinha da PF
Uma investigação da Polícia Federal no Espírito Santo está por trás do impasse em torno do Complexo de Cartas e Encomendas dos Correios na Região Metropolitana de Salvador. Recentemente, a nova vice-presidente de Serviços da estatal, Andréa Mendonça, se recusou a assinar o contrato com a empreiteira Andrade Mendonça, responsável pela construção da unidade com base no modelo Built to Suit, no qual determinada obra é feita sob medida para ser alugada a longo prazo. Antes de tomar a decisão, Andréa foi informada sobre a devassa da PF em contrato semelhante dos Correios na cidade de Viana, próxima à capital Vitória.
Alerta geral
A ação da PF ocorreu poucos dias após a posse de Andréa Mendonça nos Correios e disparou o alerta em seu gabinete. Desde então, ela pediu ao Tribunal de Contas da União, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal que passassem a lupa sobre contratos dos Correios na modalidade Built to Suit. Em tempos de Lava Jato e afins, quer evitar sua assinatura em transações das quais não participou e que, no futuro, possam virar fontes de dor de cabeça. Diante da pressão, que vem até de altos escalões do Planalto, Andréa adotou um mantra: “Se não há problema, o contrato será fechado, não há o que temer. Só quero ter certeza”.
Reprodução/Correio24h