Política

Semipresidencialismo no Brasil é “salto no escuro”, comenta Joaquim Barbosa

Ex-presidente do STF afirma que adoção do sistema seria algo “muito irresponsável”

Nelson Jr. / SCO / STF
Nelson Jr. / SCO / STF

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa afirmou que adotar o semipresidencialismo no Brasil é “um salto no escuro”. Ele defendeu o atual sistema brasileiro e disse que “a eleição de uma pessoa normal, equilibrada” restabeleceria a estabilidade institucional.

Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo para Folha de S.Paulo, Barbosa declarou: “Como você vai mudar de uma hora para a outra um sistema que vem sendo aplicado há 130 anos no país, e trocar por algo que não se conhece? Eu acho isso muito irresponsável”.

Segundo Joaquim Barbosa, ele não é contra o semipresidencialismo, sistema que disse conhecer os defeitos e virtudes. “Vivi na França [país que adota o regime]. Fiz uma parte essencial da minha formação naquele país”, falou.  “Vi [o semipresidencialismo] funcionar e o acompanho há 35 anos”.

Para ele, o regime atual francês “foi uma resposta que se buscou para corrigir um sistema que não funcionava e que causava crises seguidas”. Para Barbosa, o semipresidencialismo trouxe estabilidade à França.

O ex-ministro do Supremo avaliou que, no Brasil, a situação é diferente por diversos motivos. “A começar pela quantidade absurda de partidos que nós temos. Um sistema desses requer um número pequeno, sólido e coeso de legendas, sem dissensões internas relevantes”, afirmou.

Barbosa disse ainda que é preciso haver uma base que sustente o governo. “O Brasil não entende e não é vocacionado para o sistema parlamentar. Mas entende muito bem o sistema presidencial”, acrescentou.