A onda antipetismo que se formou no Brasil com os escândalos de corrupção e a insatisfação com as medidas tomadas pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff provocou, de 2005 para cá, uma debandada petista. A queda da ex-comandante do Palácio do Planalto, em agosto deste ano, deu um desfecho à Era petista, mas a maré contra a sigla não cessou e algumas estrelas, que permanecem no partido, cogitam abandonar o PT. Dentre elas, o governador Rui Costa (PT).
Em recentes entrevistas, o gestor estadual não descartou a possibilidade de sair do Partido dos Trabalhadores, o qual ajudou a fundar na década de 1980, e migrar para outra sigla. A especulação de que Rui Costa pode deixar o PT não é tão novidade, mas ganhou força nos últimos dias por causa das declarações dúbias do petista.
Em maio deste ano, surgiram boatos de que o governador que poderia ir para PSD, do senador Otto Alencar. Naquela ocasião, negou taxativamente. No entanto, quando “pipocou” a notícia na semana passada de que iria para o PDT, Rui se esquivou, afirmando que: “a princípio não tem discussão de troca de partidos”.
Especialistas ouvidos pelo Bocão News são unanimes. Decidir ficar ou sair do PT é uma jogada de alto risco, que pode atrapalhar o plano da reeleição em 2018. Aliados do governador apostam na permanência de Rui. “Sair do PT é um suicídio”, já chegou a frisar um auxiliar do alto escalão.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joviniano Neto, o melhor para o gestor estadual neste momento é ficar no PT, apesar da onda antipetismo que derrubou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, nas eleições municipais deste ano. “Sair do PT seria a confissão do desmoronamento do partido no qual ele se apoia”, disse, observando que o abandono poderia atingir a esquerda, já que o Partido dos Trabalhadores é o maior partido de esquerda e centro-esquerda do país.
Segundo o especialista, Rui poderia ter dois caminhos. O primeiro seria semelhante ao do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Marcelo Nilo (PSL), que é criar uma própria legenda, mas teria muita dificuldade para “montar uma estrutura”. A segunda alternativa seria migrar para uma outra legenda já estruturada. O problema é que a maioria desses partidos já tem “donos” e governador poderia não exercer o papel de liderança.
Diante de tal situação, o melhor para Rui Costa, na avaliação do cientista político, é esperar e torcer para um enfraquecimento do governo Temer e dos aliados do peemedebista. Se isso acontecer, a memória do “bom governo de Lula” tende a enfraquecer a onda antipetismo e melhorar o horizonte para o governador em 2018. “Ele deve continuar fazendo obras e trabalhando. Se for prejudicado pelo governo Temer, deve expor a retaliação para mostrar que deixou de fazer por causa disso”, pontuou.
O cientista político Jorge Almeida avalia que a onda antipetismo já prejudica o governo de Rui Costa, mas ele acredita que saída do PT não irá resolver o problema do gestor estadual. “Não me parece que é uma coisa real essa saída. Entendo que se acontecer vai enfraquecer o PT, mas nem tanto a esquerda, porque Rui não faz um governo de esquerda. Ele faz um governo como o de Alckmin em São Paulo”, ressaltou Almeida, que também é professor da Ufba.
O cientista político Paulo Fábio Dantas Neto concorda com Joviniano que se Rui migrar para outra legenda terá dificuldade para se firmar como liderança do partido. No entendimento dele, o governador dificilmente tomará a decisão de ficar ou sair do PT agora. "A essa altura não há possibilidade que não tenha risco. Se permanecer fiel ao PT pode lhe decompor a sua base aliada, já se mudar de partido, pode ter um desgaste de uma faixa do eleitorado", salientou.
Paulo Fábio Dantas observa que a montagem do secretariado de Rui, a relação dele com o senador Otto Alencar e com os deputados e os prefeitos vão indicar se está ou não se afastando do PT. “Manter a sua base política é o principal desafio dele para ser candidato a reeleição em 2018 com condições de disputar”, destacou.
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