O projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação a homicídio teve sua urgência aprovada nesta semana, na Câmara dos Deputados. O debate tem gerado reações diferentes na população e personalidades. Na manhã desta sexta-feira (14), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deu sua opinião sobre o papel de religião na política e repudiou o texto.
“Para quem de fato carrega Deus na alma, no coração, quem está na política com esse espírito, o espírito cristão, a nossa missão é cuidar de gente e salvar vidas humanas. Salvar vidas humanas em qualquer circunstância, em qualquer momento […]. Em circunstâncias, às vezes, fruto de violência, uma jovem, uma adolescente, engravidar por um ato de estupro e, eventualmente, se ela, dada a circunstância, vai ao desespero e provoca um aborto, não é porque perdeu uma vida que vai perder duas. Nós temos que salvar todas as vidas, inclusive a vida da mãe. Então, acho que esse debate não pode ser caminhado para polarização política ou para circunstâncias ideológicas ou religiosas. O debate não pode e não deve ser feito nessas circunstâncias porque haveríamos de perder milhares de vidas de jovens que devem ser salvas”, disse Rui, em entrevista coletiva.
Segundo o ex-governador da Bahia, o debate não se trata de uma polarização com o Governo, mas não está em um ‘bom caminho’. Rui também criticou o atual uso político das redes sociais.
“Isso é fruto, na minha opinião, de um momento difícil que a humanidade vive, que substitui-se o debate de mérito de conteúdo, um debate denso sobre as coisas, que muitas vezes tem diferenças na humanidade. Mas a humanidade, historicamente, sempre gastou tempo, escreveu livros, escreveu teses e foi debatendo com cientistas, com pesquisadores para encontrar soluções. E no mundo hoje, esse mundo do Twitter (atual X) de 156, da lacração, porque a política virou lacrar, gravar 10 segundos de vídeo e tentar bombar na internet. O que a gente presencia é um mundo que debate menos, que lê menos e que a política vai ficando mais desqualificada”, opinou.