Candidatos rivais de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) vem se unindo para tentar reduzir o índice de votos úteis no primeiro turno. A iniciativa visa reduzir a polarização da corrida presidencial entre os dois candidatos, que detêm em torno de 70% nas pesquisas.
Candidatos da chamada terceira via como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) se esforçam para convencer eleitores de que a antecipação do segundo turno só interessa aos favoritos, empobrece o debate e acirra a divisão na sociedade. Algumas pessoas ainda citam que a tendência pode resultar em uma resistência ao um suposto golpe por Bolsonaro, com perspectiva de suspeição sobre as urnas eletrônicas e contestação do resultado.
Entretanto, apoiadores de Lula e Bolsonaro endossam um caráter plebiscitário da votação de 2 de outubro.
Ciro, terceiro colocado nas pesquisas (6% no Datafolha de março), é alvo de intensa pressão para que retire sua candidatura em favor de Lula. Apoiadores do petista (que alcançou 43%) sustentam que os votos do pedetista migrariam para o ex-presidente e poderiam elegê-lo logo na primeira fase.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, diz que o cálculo feito por lulistas e bolsonaristas leva a “um voto inútil”, na verdade. “Quem prega voto útil no primeiro turno não quer que as pessoas pensem, debatam, analisem as alternativas. O PDT não é um partido suscetível à pressão externa”, diz Lupi, que confirma ter trocado telefonemas com Lula, mas se diz firme contra qualquer tentativa de persuasão.
“A nossa decisão já está tomada: o Ciro é candidato até o fim. Estamos abertos ao diálogo com todas as forças que queiram construir um projeto para o Brasil, [mas] eu acho que nem o Lula nem o Bolsonaro faz isso”, completou.
Entusiastas da terceira via que já se conformaram com a impossibilidade de uma candidatura unificada avaliam que o movimento pelo voto útil simplifica o debate político. Fala-se na necessidade de defender um pacote de ideias “para constranger” os favoritos e elevar o nível da disputa.