Política

PP se divide sobre filiação de Bolsonaro, temendo impacto em alianças no Nordeste para 2022

Líderes do Progressistas rejeitam entregar o controle da sigla ao presidente

Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Marcelo Camargo/ Agência Brasil

A ida do senador piauiense, Ciro Nogueira (PP) para a Casa Civil intensifica articulações para a eleição de 2022, além de fortalecer o centrão no governo Jair Bolsonaro. O PP discute a filiação do presidente e mais dois ministros, mas o temor de colocar alianças regionais em risco divide o partido.

Nesta sexta-feira (23), Bolsonaro afirmou que busca uma sigla para controlar. "Estou tentando um partido que eu possa chamar de meu", afirmou. É esse domínio, porém, que preocupa parte dos líderes do PP, principalmente no Nordeste.

O PP teme que a volta de Bolsonaro ao partido prejudique acordos estaduais que estão sendo costurados para 2022, principalmente no Nordeste, e que o mandatário traga consigo deputados aliados que tentarão disputar espaço com nomes consolidados da legenda.

O estado onde o possível embarque de Bolsonaro tende a criar mais atrito é a Bahia. O vice-governador João Leão (PP) é aliado do governador Rui Costa (PT). A sigla conta com quatro deputados federais baianos. O comando do PP baiano avalia que a filiação de Bolsonaro pode prejudicar a aliança regional com os petistas. Cenários parecidos ocorrem em outros diretórios nordestinos do PP.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, um deputado da legenda avaliou, sob condição de anonimato, que o eventual ingresso de Bolsonaro só poderá ocorrer se respeitar os acertos locais do PP. Em outras palavras, o PP não terá como mobilizar todos os diretórios estaduais no projeto de reeleição de Bolsonaro..

Tanto parlamentares do PP que apoiam o ingresso de Bolsonaro como os que se opõem concordam em um ponto: se optar pela sigla, o presidente terá de se curvar ao comando partidário atual.

Além de Ciro Nogueira controlar a estrutura nacional, não tendo nenhum interesse em ceder poder a Bolsonaro, o PP nos estados reúne interesses diversos, e os diretórios locais já estão ocupados.

Por isso, o xadrez regional é outro obstáculo para a chegada de Bolsonaro no partido. Qualquer tentativa do grupo bolsonarista de tomar o controle de diretórios estaduais encontraria forte resistência no PP, alertam congressistas.