O PMDB, maior partido da coalizão que apoia a presidente Dilma Rousseff, manterá seu status de aliado apesar da profunda impopularidade da presidente e do rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas isso pode mudar se a já esperada recessão econômica gerar distúrbios sociais, disseram lideranças da legenda.
Dilma luta para salvar seu mandato em meio à maior desaceleração econômica em 25 anos e de uma crise política deflagrada pelo bilionário esquema de corrupção na Petrobras , investigado pela Operação Lava Jato.
Cunha anunciou seu rompimento pessoal com o governo Dilma e disse que defenderá que o PMDB o acompanhe nessa decisão, mas outras lideranças do partido não estão prontas para fazer isso.
Em vez disso, pretendem manter o apoio a Dilma até 2018, quando o partido planeja lançar candidato próprio à Presidência.
“O PMDB não vai romper com o governo agora. Não seria correto tomar essa atitude, porque vamos ter um problema mais sério da economia no segundo semestre…O PMDB pensa ter uma candidatura própria e se afastar deste governo, mas lá na frente, lá para 2017”, disse à Reuters o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Com apenas pouco mais de seis meses em seu segundo mandato, Dilma está em situação difícil. Pesquisas apontam que dois em cada três brasileiros querem seu impeachment por mau gerenciamento da economia e por supostamente ter usado dinheiro de propina em suas campanhas de 2010 e 2014. Sua taxa de aprovação caiu para 7,7 por cento em pesquisa divulgada na semana passada.
O próprio partido da presidente, o PT, tem criticado as medidas de austeridade adotadas pelo governo para eliminar o déficit fiscal que ameaça fazer o Brasil perder o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco.
Até mesmo seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se afastou de Dilma.
O isolamento da presidente e um Congresso rebelde prejudicaram as medidas de ajuste fiscal do governo. Aliado a queda nas receitas, isso obrigou a equipe econômica a reduzir a meta fiscal de 2015 até 2017, aumentando os riscos de um rebaixamento da nota brasileira.
Embora Cunha possa tentar obstruir a agenda do governo, a manutenção do apoio do PMDB dá a Dilma a chance de aprovar no Congresso medidas de cortes de gastos e aumento da arrecadação.
Cunha, a quem cabe como presidente da Câmara dar ou não seguimento a um eventual pedido de impeachment, disse em evento em São Paulo nesta segunda acreditar que hoje a maioria do PMDB seja contra a manutenção da aliança com o PT.
Ele disse, entretanto, que "não está no nosso horizonte que o país se incendeie por causa de um posicionamento pessoal", e alertou que o debate sobre o impeachment tem prejudicado e seguirá prejudicando a confiança no país. O presidente da Câmara afirmou também que analisará todos os pedidos de impeachment de forma "técnica" e de acordo com o regimento interno da Casa.
Fonte: Revsita Exame