O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu uma declaração durante o ato na Avenida Paulista, no domingo (25), que pode trazer problemas ao liberal em um inquérito da Polícia Federal (PF) que apura uma tentativa de Golpe de Estado e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição", disse o ex–presidente no único momento do discurso de mais de 20 minutos em que se propôs a explicar as acusações da PF contra ele.
"Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe o estado de sítio, não foi convocado ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio", completou.
De acordo com a colunista Malu Gaspar, d'O Globo, policiais federais envolvidos na apuração do caso – alguns dos quais inclusive acompanharam in loco a fala do ex-presidente –, embora tivesse a intenção de sustentar que não houve tentativa de golpe, ele admitiu que havia uma minuta.
O documento, conhecido como "minuta do golpe", foi encontrado na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, em janeiro de 2023. Era o rascunho de um decreto instalando um “Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral”, com o objetivo de “garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022”.