Política

PF ouve ex-deputado flagrado na Lava Jato pagando testemunha ligada ao PP

Márcio Junqueira será ouvido nesta quinta (3) na PF.

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A Polícia Federal ouve nesta quinta-feira (3) o ex-deputado Márcio Junqueira, suspeito de comprar o silêncio de um ex-assessor que denunciou esquema de pagamento de propina a parlamentares do Progressistas (PP). A informação foi confirmada pelo advogado do ex-deputado, Roberto Bertholdo.

Junqueira, que foi do PP e hoje é filiado ao PROS será ouvido na Superintendência da PF em Brasília, onde está preso. Junqueira foi preso na semana passada, na Operação deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria Geral da República pra investigar a suspeita de obstrução de Justiça.

Junqueira é suspeito de comprar o silêncio de uma testemunha , a mando do senador Ciro Nogueira, presidente do PP, e do deputado Eduardo da Fonte, do mesmo partido. Na semana passada, o G1 revelou que o ex-deputado foi alvo de ação controlada na Lava Jato, após a testemunha – o ex-assessor do senador Ciro Nogueira, José Expedito Rodrigues Almeida – , revelar que Junqueira tentou comprar seu silêncio .

O advogado Roberto Bertholdo disse que ele não ficará calado no depoimento : “o Junqueira vai se colocar a disposição e vai prestar todas as informações relacionadas aos questionamentos da Polícia Federal”.

A Operação Lava Jato acompanhou e registrou em vídeo, em fevereiro, duas entregas de dinheiro feitas pelo ex-deputado a José Expedito Rodrigues Almeida. A gravação foi uma "ação controlada" da PF, isto é, uma operação planejada com o auxílio do próprio Almeida, que procurou a policia para denunciar um esquema de captação de propina de políticos do PP.

As informações sobre as gravações estão detalhadas no material da investigação, ao qual a TV Globo teve acesso. Segundo Expedito Almeida, o dinheiro – R$ 5 mil na primeira entrega, em 26 de fevereiro, e R$ 1 mil na segunda, em 28 de fevereiro – destinava-se à compra do silêncio dele.

O ex-assessor disse à PF que as entregas foram feitas pelo ex-deputado Márcio Junqueira, ex-PP, atualmente no PROS, com o objetivo de que ele, Almeida, ficasse calado ou mudasse o teor de depoimentos dados anteriormente – desfavoráveis a Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte (PP-PE). Nos autos da investigação, Almeida afirma que os pagamentos foram feitos “com a ingerência direta desses dois”.

Junqueira foi preso na última terça-feira (24), mesmo dia em que a PF fez buscas nos gabinetes e apartamentos funcionais do senador Ciro Nogueira e do deputado Eduardo da Fonte.

A investigação apontou que, na primeira entrega, “houve nítidos diálogos captados na escuta com referência a Eduardo da Fonte”. Na segunda, em um shopping em Brasília, a Procuradoria Geral da República reproduziu imagens que mostram que no mesmo dia da entrega, o ex-deputado primeiro esteve na casa de Eduardo da Fonte e, depois, foi repassar o dinheiro a José Expedito.

O dinheiro recebido por Almeida foi apreendido pela PF. O ponto de partida dessa ação controlada foram quatro depoimentos prestados por ele em setembro de 2016, relatando que estava sendo ameaçado.

Na semana passada, o advogado de Ciro Nogueira, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que não há "qualquer indício de envolvimento do senador com qualquer ilícito" . Em nota, o deputado Eduardo da Fonte disse que está "à disposição da Justiça para que os fatos sejam esclarecidos rapidamente".

G1 // ACJR