Em documento enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a Polícia Federal afirma que Jair Bolsonaro (PL) tinha ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação contra a Covid no sistema do Ministério da Saúde. A representação traz detalhes da investigação em torno da Operação Venire, deflagrada hoje. A iniciativa teria o objetivo de garantir a entrada de Bolsonaro e seus familiares e assessores nos Estados Unidos, burlando a regra de imunização obrigatória. Mais cedo gentes cumpriram seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, sendo um deles na casa do ex-presidente.
“Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, alega a PF, que menciona como indício do conhecimento do ex-presidente o fato de seu certificado de imunização ter sido emitido nos dias 22 e 27 de dezembro do Palácio do Planalto.
“Tais condutas, contextualizadas com os elementos informativos apresentados, indicam que as inserções falsas podem ter sido realizadas com o objetivo de gerar vantagem indevida para o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro relacionada a fatos e situações que necessitem de comprovante de vacinação contra a Covid”, acrescenta a corporação.
A Procuradoria-Geral da República não viu indícios de participação de Bolsonaro no esquema de fraudes e se posicionou contra as buscas na casa do ex-presidente da República. No entanto, Moraes, que autorizou a operação, discordou da PGR sobre a tese de que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria agido sozinho. O ex-presidente teve seu celular apreendido, e Cid, a prisão decretada.