O PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores organizações criminosas do Brasil, chegou a "decretar" as mortes de algumas autoridades do país, antes mesmo de planejar o ataque ao ex-ministro e senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Na quarta-feira (22), a Polícia Federal prendeu nove dos 11 suspeitos de planejar a ação contra o parlamentar paranaense e do promotor Lincoln Gakiya, que investiga a organização por quase duas décadas e pediu a transferência de Marcola, líder da facção de São Paulo, para um presídio federal – atualmente ele está em Brasília. A solicitação foi atendida por Moro, então ministro da Justiça do governo Bolsonaro (PL).
De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, os bandidos queriam resgatar o chefão, mas, com o fracasso da ação, decidiram atacar autoridades em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. E Sergio Moro também entrou na lista. Além dele e Gakiya, outro alvo dos criminosos foi o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), quando ele ainda era governador de São Paulo.
A descoberta ocorreu em 2011. Em uma das conversas interceptadas pela polícia paulista, um dos líderes do PCC, o preso Luis Henrique Fernandes, o LH, conversava com dois outros integrantes da facção. O primeiro era Rodrigo Felício, o Tiquinho, e o segundo era o então integrante da cúpula do PCC, Fabiano Alves de Sousa, o Paca – assassinado em 2019 em uma guerra interna da facção.
A conversa entre os bandidos aconteceu em 11 de agosto de 2011, às 22h37. Paca questionou os comparsas sobre o que deveriam fazer. Em seguida, manda os dois arrumarem “uns irmãos que não são pedidos (que não são procurados pela polícia) e treinar”. O treinamento para a ação seria para fazer um resgate de presos ou para atacar autoridades. LH disse que o tráfico de drogas mantido pela facção estava passando por dificuldades.
“Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que ‘nois’ decretou ele (governador), então, hoje em dia, secretário de Segurança Pública, secretário de Administração, comandante dos vermes (PM), estão todos contra ‘nois’.”
Dois anos depois, em 2013, também segundo a publicação, a ordem de matar o governador foi novamente mencionada por membros do PCC em escutas. Foi nessa época que o plano de atacar autoridades foi integrado a outra prioridade da facção: libertar Marcola. Nunca obtiveram sucesso.