Eleições

Partidos nanicos apostam em presidenciáveis para cumprir cláusula de barreira

Partidos como PSOL, Rede e Novo lançam fichas em seus candidatos ao Planalto para preservar recursos e tempo de TV.

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Além de tentar chegar ao Planalto, candidatos de partidos nanicos cumprem outra tarefa nas eleições de 2018: ajudar suas legendas a não serem sufocadas pela cláusula de barreira. 

Aprovada em 2017 pelo Congresso, com o objetivo de diminuir o número de partidos, a cláusula restringe o acesso a fundo partidário e tempo de TV para siglas que não atingirem um mínimo de votos.

Para isso, partidos nanicos com candidaturas ao Planalto têm apostado em seus presidenciáveis para aumentar o voto de legenda —ou seja, quando o eleitor não escolhe um deputado, mas vota no número da sigla. 

Isso porque há duas maneiras de vencer a cláusula: elegendo nove deputados federais distribuídos em pelo menos nove estados ou fazendo 1,5% dos votos válidos, com no mínimo 1% em nove estados.

Partidos como a Rede (com dois parlamentares na Câmara) e o PSOL (com seis) avaliam que é difícil conseguir uma bancada tão pulverizada. “Acho que vamos melhor em uns cinco, seis estados”, afirma o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. “Mas estamos bem otimistas com a possibilidade de atingir o mínimo nos nove estados.” 

O partido tem como presidenciável Guilherme Boulos, coordenador do MTST. “Ele é uma ampliação, busca o eleitor que poderia em outras circunstâncias optar por outra candidatura de esquerda, mas vai olhar com mais atenção quem são os candidatos do partido do Guilherme”, diz Medeiros. Boulos, no entanto, tem atingido em torno de 1% nas pesquisas.

Na Rede, de Marina Silva, legenda que enfrenta sua primeira eleição geral, há a expectativa de que ela haja como “puxadora de voto”.

A ideia é que a visibilidade de uma candidatura majoritária e bem colocada nas pesquisas —a ex-senadora aparece com 11% das intenções de voto no Datafolha— leve eleitores que não escolheriam um deputado específico do partido a apostar na legenda na hora de votar para o legislativo. 

“Quando se tem uma candidatura à Presidência como a da Marina, uma candidatura associada à ética, é natural o eleitor trazer essa associação para o partido”, afirmou o porta-voz da Rede, Pedro Ivo Batista. 
Do outro lado do espectro político, o Novo, sem parlamentares no Congresso, também aposta no voto puxado por João Amoêdo. 

O presidente do partido acredita que será possível eleger também uma bancada mínima, mas diz que o voto na legenda “é muito importante”. “Ele [Amoêdo] acaba personificando o Novo, dá a cara do partido”, diz Moisés Jardim. 

Ele também afirma que no caso do Novo a cláusula não é tão preocupante, uma vez que a sigla optou por não utilizar recursos do fundo partidário. 

A cláusula de barreira é considerada positiva, já que tem como objetivo acabar com os chamados “partidos de aluguel”, legendas fisiológicas que tendem a transitar livremente pelo espectro político em busca de cargos e verbas. No entanto, partidos ideológicos e pequenos acabam sendo afetados.

Numa campanha com poucos recursos, as agremiações devem focar em estados-chave e também apostam em lançar seus quadros mais fortes à Câmara para angariar votos. 

No caso da Rede, por exemplo, sairão o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello (RJ), e a ex-presidenciável Heloísa Helena (AL).

O Novo diz que sua maior força está nas regiões Sul e Sudeste, onde o partido —registrado em 2015— tem mais capilaridade. A sigla tem tentado conseguir votos no Nordeste. 

No PSOL, Medeiros afirma que o partido direcionou os esforços para conseguir uma bancada. Segundo ele, o objetivo é ampliar para 10 o número de deputados federais. 

No Rio, um dos estados onde tem mais força, lançará por exemplo Marcelo Freixo, que em 2016 chegou ao segundo turno da disputa pela prefeitura da capital do estado.

Folhapress // ACJR