Política

Paraná Pesquisas recebeu R$ 2,7 milhões de partido de Bolsonaro na pré-campanha

O empate técnico entre Lula e Bolsonaro se repete nas sondagens do Paraná Pesquisas, com algumas pequenas variações, desde maio. No levantamento mais recente, cuja margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, o petista apareceu com 39,6%, ante 36,5% de Bolsonaro.

Clauber Cleber Caetano/PR
Clauber Cleber Caetano/PR

O Instituto Paraná Pesquisas recebeu no período de pré-campanha eleitoral R$ 2,7 milhões do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com balanço financeiro junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a legenda usou dinheiro do Fundo Partidário para realizar os pagamentos.

Foram 20 transferências bancárias entre janeiro e julho. As maiores parcelas foram de R$ 787,5 mil, em janeiro, e de R$ 525 mil, em fevereiro. Enquanto levantamentos de intenção de voto de outros institutos apontam vantagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial, as sondagens do Paraná Pesquisas têm indicado empate técnico entre o petista e seu principal adversário, o atual presidente.

O jornal Folha de S.Paulo revelou que a empresa assinou, em março, contrato de R$ 1,6 milhão com o governo federal pelo prazo de um ano, com o objetivo de realizar coleta de dados sobre políticas públicas.

Em nota, o instituto disse que “trabalha para diversos partidos políticos, não só para o PL”, e que “todas as pesquisas são realizadas e entregues de acordo com contratos firmados com os partidos contratantes”. “O instituto tem feito várias rodadas estaduais de pesquisa nos 26 estados e no Distrito Federal.”

Em nome do Paraná Pesquisas foram identificados no TSE até o último domingo (18) 63 levantamentos de intenção de voto à Presidência realizados desde janeiro, sejam de abrangência nacional ou estadual.

Em nenhuma delas o PL aparece como contratante. Questionado sobre que serviços foram eventualmente prestados pela empresa, o partido comandado por Valdemar Costa Neto não quis se manifestar.

Parte significativa das sondagens foi patrocinada pelo próprio instituto. Das 63 registradas, o Paraná Pesquisas declarou ao TSE ter custeado 26 —41% do total. A Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) é crítica do autofinanciamento, por entender que a prática pode esconder irregularidades, como caixa dois. A entidade enviou ao TSE e ao MPF (Ministério Público Federal) informações sobre o assunto.

No e-mail encaminhado à Folha por ocasião da reportagem sobre o contrato firmado com o Executivo, Murilo Hidalgo, um dos sócios do Paraná Pesquisas, afirmou que o financiamento de pesquisas próprias “não é algo exclusivo do instituto” e que outras companhias também o fazem.

Entre os contratantes recentes da empresa, segundo os registros na corte eleitoral, há políticos como Cabo Daciolo, candidato do PDT ao Senado, que solicitou um cenário para a Presidência no Rio de Janeiro.

A União Brasil, que tem Soraya Thronicke como postulante ao Planalto, foi outra legenda a contratar a empresa, desta vez para levantar o desempenho dos presidenciáveis no Paraná. Grupos de comunicação e instituições financeiras privadas, como corretoras de valores, também encomendaram sondagens.

O empate técnico entre Lula e Bolsonaro se repete nas sondagens do Paraná Pesquisas, com algumas pequenas variações, desde maio. No levantamento mais recente, cuja margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, o petista apareceu com 39,6%, ante 36,5% de Bolsonaro.

De acordo com a Folha, a próxima rodada da empresa paranaense está prevista para ser divulgada nesta terça-feira (20).

Institutos como Datafolha, Ipec e Quaest apontaram liderança de Lula no período. O Datafolha pertence ao Grupo Folha e atua com pesquisa eleitoral e levantamentos estatísticos para o mercado. Não faz sondagens eleitorais para governos ou políticos.