Na tentativa de reverter a rejeição que enfrenta no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro destina a maior parte do orçamento secreto para estados do Nordeste. A Bahia, onde teve a menor proporção de votos em 2018, é a principal beneficiada com as emendas paralelas criadas em 2020.
Dos R$ 21,7 bilhões enviados aos parlamentares, R$ 7,7 bilhões foram destinados a deputados do Nordeste. As informações foram reunidas pelo cientista político Bruno Carazza e publicada pela colunista Malu Gaspar, do Globo.
A distribuição das emendas é de responsabilidade do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PI), ambos do PP. Hoje, o partido do Centrão ocupa cada vez mais espaço relevante no governo.
Apesar do PL, partido de Bolsonaro e do pré-candidato ao Governo da Bahia, João Roma, os diretórios estaduais hoje ainda estão mais próximos de Lula. O ex-presidente tem no Nordeste, de acordo com o último Datafolha, 43% das intenções de voto contra 26% de Bolsonaro.
Mesmo com a dificuldade para reverter o quadro, aliados de Bolsonaro creem que diminuir essa diferença pode ser determinante para a vitória do presidente. Enquanto isso, o Centrão se fortalece e tenta emplacar uma bancada ainda maior no Congresso.
“É um movimento muito importante. Pode não ser decisivo para a eleição (presidencial), mas essas emendas ajudarão a eleger uma super bancada do Centrão que vai tornar a governabilidade ainda mais difícil na próxima legislatura para qualquer presidente”, explica Carraza.