Quase duas semanas após o resultado da eleição, o senador Otto Alencar (PSD-BA) sente que o clima já mudou em Brasília.
Após uma campanha intensa e desgastante, onde percorreu toda a Bahia para impulsionar Jerônimo Rodrigues no segundo turno, e viu crescer as ameaças à democracia por parte de Jair Bolsonaro, Otto acredita que, finalmente, as coisas começam a voltar à normalidade.
"A campanha foi muito dura, cansativa, não só a parte física, mas todo esse temor gerado por Bolsonaro, as ameaças à ordem democrática, suspeitas sobre o resultado da eleição", disse Otto em entrevista ao Portal Salvador FM, na manhã desta sexta-feira (11).
Segundo Otto, a vitória de Lula já causou efeitos semelhantes ao de um remédio tarja preta indicado para tratamento de ansiedade.
"Já está todo mundo mais feliz, mais leve. Parece que o brasileiro tomou um Lexotan", brincou o senador, que é médico de formação.
O parlamentar, que teve projeção nacional ao ser um dos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, explicou que a situação foi se agravando a medida em que os próprios filhos de Bolsonaro, em especial Carlos e Eduardo, corroboravam com falas golpistas e incentivavam posturas antidemocráticas.
O ambiente hostil também se refletiu em ameaças de bolsonaristas a ele – virtual e presencialmente.
"Eu fui xingado em Brasília quando passava por alguns deles, e pela internet também. Desde a CPI, na verdade, mas só piorou", acrescentou.
Com o passar dos dias, a desmobilização dos bloqueios nas estradas, o relatório das Forças Armadas legitimando a eleição nas urnas, todo o fervor dos bolsonaristas perde força.
CONVITE
Otto revelou ter sido convidado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, a fazer parte do grupo de transição do governo Lula pela indicação do partido.
No entanto, decidiu rejeitar para concentrar esforços conduzindo os trabalhos da presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), destacando que terá bastante trabalho até o fim do ano.
Reeleito na Bahia no arco de alianças do PT, Otto negou ter recebido qualquer convite de Lula para integrar algum ministério e diz que não vai comentar a possibilidade sem que tenha algo concreto.