O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (24) que "ninguém explicou o que é a nova política ainda" e criticou a associação que se faz do Parlamento com a "velha política".
"É toma lá dá cá quando o Parlamento olha para o governo, mas não é toma lá dá cá quando o governo quer escolher o relator da reforma da Previdência?", questionou Maia em entrevista à Central GloboNews.
Ele criticou a visão de que, "quando [a influência] é na Câmara, não tem problema nenhum". "Quando é no governo, é velha política?", afirmou o presidente da Casa.
"O governo tem o interesse de influenciar na escolha do relator e é legítimo", disse Maia. "E quem tem uma agenda convergente do governo quer governar junto. Não tem nada errado nisso".
Para o presidente da Câmara, é preciso "tomar cuidado para não ficar olhando o parlamentar sempre como vilão". "O que é velho e o que é novo? Ninguém me explicou ainda o que é novo. Eu sei o que é certo e o que é errado".
Agenda de governo
Maia afirmou que não se pode criminalizar todo tipo de indicação política no governo. "Não pode transformar a participação de um partido no governo em um crime, que não é", afirmou o presidente da Câmara, citando como exemplo o número de militares no governo.
"Outro dia eu fui no Comando Militar e não tem mais general. Eles estão todos no governo", brincou. "Isso não é velha ou nova política. Eles são quadros de grande qualidade. Agora, por que é que um político não pode ser um quadro de grande qualidade e participar do governo?".
Para Maia, não se pode "transformar todo tipo de diálogo, todo tipo de articulação, em um problema, em um crime". "É claro que tem crime, que tem nomeação dolosa, nomeação em troca de favor", ressaltou. "Mas essa não pode ser a regra e nem pode ser a preocupação do governo."
O presidente da Câmara afirmou que "o governo precisa compreender qual é a agenda dele". "Qual é a agenda do governo? Eu pergunto qual é a agenda do governo para a Educação? Eu não sei qual é até o momento. Ninguém sabe. Qual é a agenda do governo nas Relações internacionais? É um desastre."
Ao questionar a ausência de um programa, Maia citou o exemplo do seu partido, que tem vários ministros no governo Bolsonaro. "O DEM tem três políticos nomeados e não faz parte do governo. Por quê? Por que a gente não sabe ainda qual é essa agenda do governo para que a gente possa ter clareza de dizer ‘quero fazer parte'."
G1 // AO