Demitido do ministério da Cultura, Marcelo Calero revelou, em entrevista aos jornalistas Paulo Gama e Natuza Nery, os bastidores da sua queda.
Eis o principal motivo: Geddel Vieira Lima, articulador político do governo e um dos homens fortes de Michel Temer, o cobrou a pressionar o iPhan, instituto responsável pelo patrimônio histórico nacional, a liberar um empreendimento de 30 andares no centro histórico de Salvador.
O motivo: Geddel era dono de um imóvel no empreendimento embargado e começou a pressioná-lo.
"Foi logo que tomei posse, não demorou mais do que um mês. Depois desse recurso não tomei mais conhecimento. Até que, no dia 28 de outubro, uma sexta-feira, por volta de 20h30, recebo uma ligação do ministro Geddel dizendo que o Iphan estava demorando muito a homologar a decisão do Iphan da Bahia. Ele pede minha interferência para que isso acontecesse, não só por conta da segurança jurídica, mas também porque ele tem um apartamento naquele empreendimento. Ele disse: 'E aí, como é que eu fico nessa história?'".
Segundo Calero, ele não foi para o governo para "fazer maracutaia", nem para ceder às pressões de uma pessoa "truculenta" como Geddel.
"Estou fora da lógica desses caras, não sou político profissional. Não tenho rabo preso. Não estou aqui para fazer maracutaia. Nós precisamos ter a coragem de dizer: 'Daqui eu não passo'. Vou voltar a ser um diplomata de carreira que passou em quinto lugar num concurso, estudando e trabalhando ao mesmo tempo. Se for para fazer errado, vou embora. Ele só me disse que tinha apartamento no prédio em 28 de outubro.
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