O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira (1º) que a decisão de abrir um escritório comercial em Jerusalém pode ser considerada “um passo intermediário” diante da “ideia inicial” do presidente Jair Bolsonaro de transferir a embaixada do Brasil em Israel.
Mourão comentou o anúncio do presidente de abrir o escritório comercial em Jerusalém em uma entrevista no Palácio do Planalto.
“Não vejo também nada de mais. É algo que não tem nada a ver com a diplomacia. Podemos até considerar, vamos dizer assim, um passo intermediário naquela ideia inicial do presidente de mudar a embaixada”, disse Mourão.
Segundo Mourão, Bolsonaro ouviu “todas as ponderações” a respeito da abertura do escritório. O vice assegurou que “está junto com a decisão” do presidente da República.
Após ter sido eleito, ainda no ano passado, Bolsonaro manifestou a ideia de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
A medida agradaria israelenses, que consideram a cidade "capital eterna e indivisível" de seus país. Palestinos, no entanto, reivindicam Jerusalém Oriental como capital do Estado que pretendem constituir.
Bolsonaro tem afirmado que ainda não tomou uma decisão sobre a transferência da embaixada. Um dos motivos para a indefinição foram os alertas de que a medida poderia afetar exportações brasileiras, principalmente de carne, para países árabes.
Jerusalém, cidade considerada sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, não é reconhecida internacionalmente como capital israelense. O presidente norte-americano, Donald Trump, transferiu para a cidade a embaixada dos Estados Unidos em Israel.
Reação palestina
Mourão também comentou a posição da Autoridade Palestina, que anunciou no domingo (31) que vai chamar de volta seu embaixador no Brasil para consultas e para estudar uma resposta à abertura do escritório em Jerusalém.
O vice-presidente disse acreditar que o embaixador retornará ao Brasil.
"Chama [o embaixador] para consulta. Vai lá, bate um papo, daqui a pouco ele volta", declarou.
Para Mourão, não haverá problemas se os árabes entenderem que a decisão do Brasil não modifica a "visão diplomática" sobre a necessidade de uma "coexistência pacífica" entre árabes e israelenses na região.
Mais cedo, também nesta segunda, Bolsonaro comentou a reação dos palestinos
"É direito deles reclamar", disse o presidente.
G1 // AO