O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitiu à Polícia Federal (PF) que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu que encontrasse um dos pastores suspeitos de negociarem verbas com prefeitos em nome da pasta.
Sobre a manutenção de um gabinete paralelo, Ribeiro negou, assim também como disse não existir nenhum tipo de favorecimento ou "tratamento privilegiado" no ministério.
"O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE ou MEC, esclarecendo que como ministro recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político", disse o ex-ministro durante o seu depoimento.
Ele alegou aos investigadores que Bolsonaro não soube do teor das conversas com os pastores.
Na última sexta-feira (25), a Polícia Federal abriu inquérito a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e o prazo para conclusão da primeira fase é de 30 dias. Podem ser configurados crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.
A PF também deu início às investigações de corrupção no repasse de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC.
O pastor e ex-reitor deixou a pasta após vazarem áudios em que ele afirma que o governo Bolsonaro prioriza liberação de verbas de municípios ligados aos pastores.
"Foi um pedido especial que o Presidente da República [Jair Bolsonaro] fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar [Santos]", diz o ex-ministro na gravação. As informações são do UOL.
À PF, contudo, Milton Ribeiro garantiu que o áudio foi retirado de contexto e que os pastores não têm influência sobre o destino dos repasses.
"Aquela afirmação, a da gravação, foi feita como forma de prestigiar o pastor Gilmar, na condição de líder religioso nacional, não tendo qualquer conotação de enfatizar os amigos do pastor Gilmar teriam privilégio junto ao FNDE ou Ministério da Educação", justificou.