O empreiteiro Marcelo Odebrecht disse no depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral que pôs R$ 300 milhões à disposição do PT entre 2008 e 2014 e que doou metade desse dinheiro à campanha de reeleição de Dilma Rousseff. O empresário não detalhou quanto desse valor era caixa dois.
Marcelo Odebrecht também relatou repasses ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas não esclareceu se a origem foi caixa um ou caixa dois. Ele também falou sobre um jantar com o então vice-presidente Michel Temer, mas negou ter tratado de valores de campanha.
Marcelo Odebrecht confirmou no depoimento uma doação de R$ 150 milhões à campanha de Dilma Rousseff em 2014, mas não deu detalhes de quanto desse valor era caixa dois. Pelo menos R$ 50 milhoes, segundo Marcelo, foram uma contrapartida pela aprovação de uma medida provisória do refis, que beneficiou a Odebrecht.
De acordo com o depoimento, esse pagamento foi negociado diretamente com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, a pedido de Dilma. Um detalhe: a mp foi editada em 2009, pelo ex-presidente Lula, mas, segundo Marcelo Odebrecht, o PT não precisou usar o valor da contrapartida na campanha de 2010 e cobrou a propina para a campanha de Dilma em 2014.
Ainda segundo Marcelo Odebrecht, o valor total que a empresa colocou à disposição do PT chegou a R$ 300 milhões entre 2008 e 2014. O dinheiro era repassado sempre depois de conversas, primeiro com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci e, depois, com o ex-ministro Guido Mantega.
Segundo o empresário, outra parte da propina que teria sido direcionada para a campanha foi paga no exterior, ao marqueteiro de Dilma, João Santana, com o conhecimento da ex-presidente.
Marcelo Odebrecht também disse que quando surgiram informações sobre pagamentos ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa no exterior ele alertou sobre o risco de contaminação dos repasses a João Santana, ou seja que eles poderiam ser descobertos. O alerta, segundo o empresário, foi feito a Dilma, Guido Mantega e ao próprio marqueteiro, mas ele disse que ninguém demonstrou preocupação.
Durante o depoimento, o ministro Hernan Benjamim perguntou se o empresário mandava no governo. Marcelo Odebrecht respondeu que, "no fundo, não era dono do governo". E acrescentou que "era o otário do governo, era o bobo da corte do governo", e disse ele era escalado para assumir negócios que ele não queria fazer.Durante o depoimento, o ministro Hernan Benjamim perguntou se o empresário mandava no governo. Marcelo Odebrecht respondeu que, "no fundo, não era dono do governo". E acrescentou que "era o otário do governo, era o bobo da corte do governo", e disse ele era escalado para assumir negócios que ele não queria fazer.
(G1) (AF)