O presidente Lula (PT) pode ganhar uma dor de cabeça na Câmara dos Deputados com a instalação de uma CPI para investigar as invasões realizadas pelo Movimento dos Sem Terra (MST) em diversas propriedades pelo país. A pressão para a implantação do colegiado tem partido, principalmente, da bancada ruralista na Casa.
O cenário acontece após a mudança de posição do próprio governo sobre a CPI do 8 de janeiro – antes contrário, a gestão federal passou a ser favorável á proposta. No caso da Comissão relativa ao MST, de acordo com o Estadão, ela conta o apoio de deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os ruralistas acumulam atritos com a gestão petista nestes primeiros três meses.
Autor do requerimento de criação da CPI já protocolado, o deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) justifica que há “propriedades rurais produtivas sendo invadidas”, além de “um crescimento desordenado” dessas ações.
“Não cabe ao MST definir se a propriedade é produtiva ou não. A pauta de reforma agrária é política, financeira e ideológica”, afirma o deputado. O pedido já atingiu o número mínimo necessário de assinaturas, com 171 adesões.
Na semana passada, o autor do requerimento e o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), reuniram-se com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para garantir a leitura do pedido. O procedimento dá início à instalação da comissão. Segundo parlamentares que participaram do encontro, a CPI tem parecer jurídico favorável e deve ser lida nos próximos dias.
A expectativa de Zucco é de que a CPI seja instalada nesta semana ainda, “pois não há mais motivo” para que o colegiado não comece os trabalhos. O objetivo do grupo é investigar a “escalada” de invasões do MST em fazendas, apurar se parlamentares e empresários estão patrocinando as ações e analisar as nomeações de líderes dos sem-terra no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).