Envolvidos nas tratativas da entrega do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Polícia Federal informaram ao GLOBO que hoje ele se entregará aos policiais, mas que isso não deve acontecer antes das 15h.
Em decisão publicada na quinta-feira, o juiz Sergio Moro deu a Lula a chance de se entregar voluntariamente até às 17h desta sexta-feira, mas o prazo não foi respeitado. Antes dele vencer, porém, as negociações entre representantes do ex-presidente e da PF já estavam em curso. O político foi condenado no caso do tríplex em Guarujá (SP).
Na noite desta sexta-feira, a ideia era que Lula se entregasse logo após a missa em homenagem a sua esposa Marisa Letícia, que morreu em 2017. No entanto, já foi definido que o petista não sairá antes das 15h. Nesta manhã, Lula teve uma reunião com advogados que ainda negociam a maneira como ele se entregará.
Entre as pessoas ligadas a Lula que atuaram nas tratativas junto à PF, chegando a ir pessoalmente até a sede da corporação em São Paulo para falar com os delegados estão o advogado Sigmaringa Seixas e o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ).
Já o ex-ministro José Eduardo Cardozo fez a ponte diretamente com o diretor-geral da PF, Rogério Galloro, por meio de seu antecessor no cargo, Leandro Daiello. Daiello foi o chefe da PF quando Cardozo era ministro da Justiça e ambos mantém, desde então, boa interlocução.
Na noite desta sexta-feira, a segunda que Lula passou no sindicado dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foi o momento que o petista mostrou mais irritação e impaciência, segundo aliados.
Naquele momento os advogados negociavam a sua entrega. Antes de definir se ficaria no sindicato ou se se entregaria à PF, o ex-presidente teve uma longa conversa com um grupo de advogados que destacaram as consequências negativas de resistir.
Entre os nomes que mais ajudaram a convencer Lula da importância de se entregar estava o ex-ministro Paulo Vanuchi, hoje diretor do Instituto Lula. Ele e petistas mais moderados insistiam com o ex-presidente que resistir era deixar o PT no "gueto" e que se entregar fazia parte do professo de retomar o diálogo com a população que o PT precisa retomar para sobreviver.
O Globo /// por Alberval Figueiredo