A procuradora Élida Graziane, do Ministério Público de Contas de São Paulo, afirmou que o “caos” criado com a PEC Kamikaze, “é uma opção deliberada de quem tem o poder da caneta”. A proposta institui estado de emergência e amplia o pagamento de benefícios sociais a três meses das eleições.
Durante entrevista ao Estadão, ela citou o presidente da Câmara, Arthur Lira, e comparou o presidente Jair Bolsonaro com a rainha da Inglaterra. “Não terá apaziguamento se não voltarmos à base, que é ordenar legitimamente prioridade. Talvez desconstitucionalizar alguns dispositivos e fortalecer o planejamento, o Pacto Federativo. Só que, nesse momento, o Congresso não cede poder. O Congresso está fortalecido. O Lira tem mais poder do que Bolsonaro. É nele que temos de começar a focar (…) O Bolsonaro é só e tão somente uma espécie de rainha da Inglaterra. Ele tem o poder de narrativa, mas não tem o poder real”, afirmou.
Ela disse ainda que a situação é um“tapetão”. Deixam tudo na iminência dos próprios prazos, depois de fazer uma chantagem terrível com alimentação dos famintos”, disparou Graziane.
Segundo ela, há um “feudalismo fiscal”, que tem como objetivo ampliar o poder do semiparlamentarismo orçamentário. “Esse modelo em que o Arthur Lira já é de fato o primeiro-ministro do Orçamento”, disse.