O petista Jerônimo Rodrigues e o emedebista Geraldo Júnior foram empossados na manhã deste domingo (1º) como governador da Bahia e vice-governador, respectivamente. A solenidade aconteceu na sede da Assembleia Legislativa, em Salvador.
Em seu discurso, Jerônimo afirmou que a prioridade nos seus quatro anos de governo será combater a forme.
Veja na íntegra do discurso lido pelo novo governador da Bahia durante a solenidade:
Senhoras e senhores, bom dia!
I.
Agradeço a Deus a oportunidade de estar aqui, compartilhando, com o povo do nosso Estado, a esperança que renasce do reencontro do Brasil com a democracia. Sinto um imenso orgulho em saber que a Bahia foi determinante para que nesse primeiro de janeiro, pudéssemos nos reconciliar, enquanto nação, e recomeçar a construção de um futuro digno, respeitoso e próspero.
Com muita honra, assumo hoje o Governo do Estado da Bahia, com o compromisso de trabalhar incansavelmente pelo desenvolvimento dos 15 milhões de baianas e baianos. Sou um homem trabalhador, vindo do interior da Bahia. Como outros tantos, eu também precisei sair em busca de oportunidades longe de onde nasci, na comunidade de Palmeirinha, em Aiquara. Trago no rosto os traços genuínos do povo brasileiro e, na alma, as marcas de séculos de história do nosso país – e ela nos conta que, em outros tempos, seria impensável que homens como eu, viessem algum dia a governar esse Estado. Mas, aqui, estou eu, filho de Ziza, um vaqueiro, e de Maria Cerqueira, uma costureira. Eu assumo com muita consciência e responsabilidade, o meu papel nessa luta secular por justiça social.
Eu não cheguei aqui sozinho. Sou um homem de grupo. Sou resultado de lutas, sonhos e projetos coletivos. A minha história de vida, a minha trajetória foi construída nos movimentos sociais, no estudo e no debate sobre as questões mais fundamentais de quem, como eu, sonha com um mundo mais respeitoso e com oportunidades acessíveis ao nosso povo.
Meus amigos e companheiros de ideais e de trabalho, Jaques Wagner e Rui Costa, é um privilégio sucedê-los no governo da Bahia. Ainda mais nesse momento, em que o Presidente Lula é reconduzido democraticamente ao Planalto Central para liderar o processo de reconstrução do país.
Quero dizer às senhoras e aos senhores que a prioridade central do meu governo é o enfrentamento à pobreza, o combate à fome e ao desemprego.
II.
Cumprimento o Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Adolfo Menezes e, em seu nome, todas as parlamentares e os parlamentares dessa Casa, aos quais sou muito grato pelo trabalho realizado e pela aprovação de projetos importantes para o início do meu mandato.
A reforma administrativa, recém aprovada, é um exemplo de fortalecimento das áreas sociais do governo, modernização da administração pública e consolidação das áreas de controle interno das secretarias. Muito obrigado. Também sou grato pela aprovação das medidas de socorro e apoio aos municípios e segmentos sociais atingidos pelas fortes chuvas do mês passado. O Governo da Bahia está ao lado dos gestores municipais e da população. Nesse contexto, a Procuradoria Geral do Estado continuará as medidas necessárias à apuração de responsabilidades da Chesf em relação a Barragem de Pedra, em Jequié. Não admitiremos que nada e nem ninguém ponha em risco a vida e a dignidade do povo da Bahia.
Cumprimento também as deputadas e deputados estaduais e federais eleitos e reeleitos em 2022 – que tomarão posse em fevereiro, e aquelas e aqueles que foram candidatos. Abraço especialmente o senador reeleito, Otto Alencar – amigo que caminha ombro a ombro conosco todos esses anos. Gratidão Otto, pelo seu companheirismo. Também abraço o Senador Ângelo Coronel.
Saúdo o Presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, desembargador Nilson Soares Castelo Branco, e o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, o Desembargador Roberto Maynard Frank, estendendo os cumprimentos a todos os membros do Judiciário. Também saúdo a chefe do Ministério Público da Bahia, Drª. Norma Angélica Reis Cavalcanti; e o Chefe da Defensoria Pública da Bahia, Dr. Rafson Saraiva Ximenes; e todas as autoridades do sistema de justiça e da segurança pública presentes nesse ato.
Um abraço afetuoso ao vice-governador Geraldo Júnior, um querido parceiro nessa caminhada. A sua participação foi importante na nossa vitória e gostaria de aqui reforçar minha gratidão a você, ao seu partido e a sua família. Vamos juntos, Geraldo, nesses próximos quatro anos, trabalhando com muita responsabilidade e compromisso com o povo baiano.
Quero me dirigir às prefeitas e prefeitos, ex-prefeitas e ex-prefeitos; vereadoras e vereadores dos 417 municípios para dizer que governarei para todas as baianas e baianos. Caminharemos juntos para realizar os projetos e enfrentar os desafios em prol do desenvolvimento dos 27 Territórios de Identidade. Inclusive, quero fortalecer e aperfeiçoar o pacto federativo e, nesse contexto, a experiência dos Consórcios Públicos.
Minha gratidão e respeito aos partidos políticos que compõem a nossa base. Peço licença para iniciar pelo Partido dos Trabalhadores, o meu partido, e enviar um forte abraço à nossa militância. Também saúdo os partidos que nos apoiaram no primeiro e no segundo turno: o PSB, o PCdoB, o PSD, o PV, o MDB, Avante, o PSC, o Patriota, o PSOL e a Rede. O compromisso com o diálogo franco, aberto e respeitoso com todos está mantido e renovado, inclusive com os partidos de oposição.
Saúdo também os profissionais de imprensa aqui, presentes. É importante reconhecer o papel que desempenha uma imprensa livre, responsável e comprometida com os interesses coletivos. Isso fortalece a nossa democracia.
Minha saudação especial à juventude baiana. É diretriz nossa voltar a atenção à juventude como aposta estratégica para a inclusão social, assim como dos povos e comunidades tradicionais, povo negro, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+ e todos os demais os segmentos sociais que são vítimas de violência e discriminação.
III.
Este ato de posse é, antes de tudo, uma cerimônia de reafirmação e ampliação de compromissos. Nós iniciamos hoje, uma nova etapa neste processo histórico de mudanças sociais da Bahia.
O compromisso central do meu governo é a promoção da inclusão social. Ainda convivemos com a fome e com a pobreza em nosso país. Ambas foram muito agravadas pelos rumos que o Brasil tomou desde o golpe contra a Presidenta Dilma. Nós temos a obrigação moral e cívica de reverter esse processo e combater essas mazelas que tanto maltratam a nossa população.
A pobreza e a fome ardem no estômago e na pele de quem as vive e está submetido às suas dores e consequências. Elas não são fenômenos imprevisíveis e inevitáveis da dinâmica social. Pelo contrário, elas são produtos de uma engrenagem social, racial e econômica que as banalizou. Repito: é compromisso meu empregar a nossa energia para promover inclusão por meio de uma política objetiva de desenvolvimento social e econômico que gere trabalho e renda para o nosso povo.
“Quando uma criança passa fome, é problema de todo mundo”, disse uma das mais importantes escritoras brasileiras, Carolina Maria de Jesus. Não basta que o alimento esteja na mesa das pessoas. É preciso promover uma política consistente de Segurança Alimentar e Nutricional na Bahia.
Tenho convicção de que uma das formas de promover inclusão social é por meio da geração da oportunidade de trabalho, isso dá dignidade às pessoas e às suas famílias. Por isso, vamos dinamizar a nossa política de atração de investimentos. Quero estar próximo ao mundo empresarial, valorizar e induzir a industrialização no Estado e o fortalecer as cadeias produtivas.
O Estado continuará priorizando os grandes investimentos em obras de infraestrutura e logística que estão interligando e integrando as nossas regiões, dando a fluidez produtiva que nós precisamos para fazer a roda da economia girar. Avançaremos nas obras de grande envergadura: pontes, entre elas a Ponte Salvador – Itaparica, estradas, aeroportos e aeródromos, portos e ferrovias, além dos grandes investimentos na mobilidade urbana e metropolitana.
Nossos olhos estão postos no futuro e trabalharei muito para que ele seja o embaixador de esperança e de desenvolvimento à nossa gente.
IV.
Nessas últimas eleições, o povo brasileiro emitiu um claro posicionamento em favor da democracia e da recomposição da moldura constitucional. A inversão de valores, o desrespeito e a intolerância levada às últimas consequências nos últimos quatro anos, não cabem mais na nossa sociedade.
Basta olhar o que aconteceu nas eleições de 2022! Não adiantou viralizar fake news nas redes sociais, nem engendrar operações escusas que tentaram até atrasar e impedir a chegada dos eleitores às suas sessões. A democracia é maior! A esperança venceu, o sonho foi maior do que o medo. O povo enviou um sonoro recado civilizatório: “Com tiranos, não combinam brasileiros corações”, professa o Hino da Bahia.
V.
Nessas eleições, a população baiana confirmou o reconhecimento e a confiança depositada no nosso projeto. Mas, também, mandou um recado consistente: ela quer mais e melhor. O palanque eleitoral acabou. Precisamos de um Brasil unido e sem ódio. O Brasil é um só.
Nesses 16 anos, o ambiente político e institucional na Bahia foi distensionado. Partidos políticos, parlamentares e prefeitos de diversas matizes ideológicas experimentaram a conduta respeitosa e republicana dos governadores Wagner e Rui Costa, e isso será mantido por mim.
Fomos além e implementamos uma cultura de diálogo real da população, inclusive legitimando os espaços de representatividade dos movimentos sociais nas esferas de planejamento das ações governamentais. A realização do Programa de Governo Participativo, o PGP, é uma prova desse diálogo.
Faço questão desse registro hoje porque o considero fundamental para a realização de todos os investimentos e transformações que colocaram a Bahia em um outro patamar de respeitabilidade externa e de desenvolvimento real.
Hoje, não somos apenas um Estado exuberante nas riquezas e belezas naturais e na sua diversidade. Nós construímos as condições para estimular e estruturar, por exemplo, a cadeia turística para além do nosso litoral. Assim como a valorização da nossa diversidade cultural. Ambos os setores são prioritários e dialogarão com os demais segmentos produtivos do Estado. Aproveito para saudar também a ministra da Cultura, a baiana Margareth Menezes. Registro aqui, a nossa alegria por tê-la Ministra da Cultura
VI.
São muitos os resultados dessa nova forma de governar. Vou citar, rapidamente, alguns. Construímos a experiência da “convivência com o semiárido”, respeitando suas características e integrando a região e a sua população ao projeto de desenvolvimento do Estado. Nos nossos governos direcionamos para lá robustos investimentos em infraestrutura hídrica, social, logística e produtiva. É lá, inclusive, onde estão as usinas eólicas e solares. A Bahia já lidera a produção de energia renovável no país e já deu os primeiros passos para ingressar na produção do hidrogênio verde. Temos potencial para ser referência mundial e vamos trabalhar para isso.
Alteramos para sempre o interior do Estado, com programas como o Água para Todos e o Luz para Todos. Nunca se investiu tanto em abastecimento de água e esgoto na Bahia – o impressionante volume de R$ 13 bilhões. Assim como tiramos da escuridão a zona rural e viabilizamos mudanças importantes no perfil produtivo das pequenas propriedades, o que levou cidadania às comunidades do campo. A agricultura familiar continua no centro das nossas prioridades, assim como o tema do meio ambiente, cada vez mais central no debate global da economia e dos direitos humanos. A agricultura exportadora continuará recebendo a nossa atenção e parceria.
VII.
Para tratar desses assuntos, é primordial falar em educação. Acredito verdadeiramente no ensino público. Eu e minhas irmãs construímos as nossas formações em instituições públicas. Sou Engenheiro Agrônomo e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana. Fui Secretário de Desenvolvimento Rural e Secretário Estadual de Educação. Caminhei a vida inteira por entre os desafios da agricultura e da sala de aula.
Penso que a Educação é, a um só tempo, uma estratégia de desenvolvimento e uma experiência a estar à serviço da humanização dos povos. Paulo Freire nos ensina que a educação é um bonito ato de amor e, dessa forma, precisamos que as escolas sejam ambientes de diálogo democrático e de aprendizado criativo para as nossas crianças, adolescentes e jovens. Esse é um precioso requisito para formar almas inclinadas à paz e à cidadania, ainda mais se estiver aliada ao esporte e à cultura, no seu sentido mais amplo e inclusivo. É no acesso às múltiplas linguagens artísticas e manifestações culturais que criamos as condições para que a sociedade aprenda a conviver respeitosa e livremente com a nossa rica diversidade. A construção do conhecimento precisa ser estimulada no contexto da experiência empática da solidariedade e da cooperação.
Estarei perto das prefeitas e prefeitos para construir as parcerias necessárias para melhorar a educação dos nossos estudantes, desde o Infantil até o Ensino Superior.
Nosso projeto investiu muito na valorização e na qualificação permanente dos profissionais de educação, em programas na infraestrutura escolar e nos projetos de assistência estudantil. Mas eu estou convencido de que é preciso seguir investindo na escola e na sua permeabilidade com as demandas das comunidades.
Será desse ambiente fértil e curioso, que emergirão as mentes capazes de apontar os questionamentos e as soluções que colocarão a Bahia definitivamente na rota dessa nova configuração mundial, sobretudo no pós-pandemia.
Com o mesmo compromisso de cuidar de gente, daremos novos saltos na saúde pública. As pessoas precisam ter acesso aos serviços públicos com dignidade e garantia de qualidade, tanto para prevenir como para tratar doenças. Continuaremos a interiorizar a infraestrutura e os serviços de média e alta complexidade, qualificando ainda mais a nossa capacidade de absorver as demandas da população em todos os territórios do Estado. Para isso, a gestão estará em constante processo de modernização.
VIII.
Esse tempo todo, estamos falando de reconhecimento e afirmação de direitos. Esse é o sentido que move cada ação nossa e isso está refletido na composição da nossa equipe de secretárias e secretários de Estado. Buscamos em nosso governo assegurar a presença de novos perfis políticos, muitos dos quais, filhos do interior da Bahia. Também fizemos questão de convidar mulheres para ocupar posições chaves na administração pública e também observar a diversidade étnica, racial, cultural e religiosa na composição do primeiro escalão do nosso Governo.
Aproveito para agradecer às secretárias e secretários do Governo Rui Costa. Também agradeço a todas as servidoras e servidores públicos que fazem as políticas de estado chegarem a toda a Bahia. Mais do que uma preocupação com a representatividade, selamos aqui um compromisso com a reparação histórica.
Vamos combater firmemente todas as formas de preconceito e discriminação. O racismo e os seus desdobramentos serão enfrentados com uma clara vinculação à luta por justiça. É inaceitável que a sociedade ainda conviva com uma violência tão sistemática contra as mulheres, os indígenas e demais povos e comunidades tradicionais, os negros e todos os grupos sociais historicamente excluídos. A história recente do país demonstrou o quanto a essas formas de discriminação espalham sofrimento e atrasam a construção de uma sociedade moderna e comprometida com a vida digna para todas as pessoas.
Avançarei nos investimentos em infraestrutura, valorização e qualificação constante do efetivo policial e, sobretudo, darei seguimento aos aportes em tecnologia e inteligência. Mas, como disse durante a campanha, a Bahia tem muito a contribuir no debate sobre a concepção de um sistema nacional de segurança. Eu defendo essa ideia.
Nesse sentido, festejamos a decisão do Presidente Lula de reestruturar o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Com a liderança do governo federal será possível dar passos decisivos no enfrentamento ao tráfico de drogas e ao crime organizado. A força e a inteligência precisam caminhar lado a lado com o reconhecimento e a promoção de direitos.
Segurança pública e Direitos Humanos são duas faces da mesma moeda. A firmeza no cumprimento da lei e o respeito às garantias individuais são duas dimensões de um mesmo projeto de justiça, igualdade e cidadania. É isso que queremos construir.
O exercício da democracia depende do envolvimento de todos. A cidadania é uma construção permanente e cotidiana em favor de um tecido social inclinado à tolerância e à paz.
IX.
A responsabilidade de governar um estado com as dimensões e a complexidade da Bahia, exige uma dedicação constante e permanente. Tenho o privilégio de integrar uma família amorosa e amiga. Agradeço a minha companheira Tatiana Velloso. Eu sou muito feliz por caminhar ao seu lado, compartilhando os sonhos e trabalhando por um mundo mais justo e humano. A nossa parceria segue firme tanto no cuidado com a nossa família quanto nas nossas lutas comuns. Somos pai e mãe de João Gabriel, um rapaz jovem a quem dedicamos todo o nosso amor. Para você, meu filho, quero deixar uma mensagem consistente de respeito ao próximo, responsabilidade, honestidade e apreço pelo conhecimento e pelo trabalho.
Estou pronto para, junto com os partidos, os movimentos sociais, os senadores, deputadas e deputados, prefeitas e prefeitos, ex-prefeitas e ex-prefeitos, vereadoras e vereadores, enfim, com o povo da Bahia, governar ao lado de Lula e reconstruir o Brasil com dignidade e muito amor.
Um 2023 de esperança e prosperidade para todos.
Vamos juntos!