A Justiça Federal aceitou, na noite de quarta-feira (13), a denúncia por lavagem de dinheiro e tornou réus o ex-governador Beto Richa, a ex-primeira-dama, Fernanda Richa, um dos filho do casal, André Richa, e o contador dela, Dirceu Puppo na Operação Lava Jato.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que Beto Richa recebia propina das concessionárias de pedágio no Paraná.
Ainda conforme os procuradores, o ex-governador lavava esse dinheiro com a compra de imóveis que eram colocados no nome da empresa Ocaporã, Administradora de Bens. Fernanda Richa é dona da empresa, junto com os filhos André e Marcello Richa.
Nesse processo, é investigada a compra de um terreno em um condomínio em Curitiba – parte do pagamento foi feita em dinheiro vivo. O bem ficou em nome da Ocaporã.
Inicialmente, o MPF não tinha incluído o nome de Fernanda na denúncia, protocolada em 29 de janeiro. Entretanto, na segunda-feira (11), decidiu colocar a ex-primeira dama entre os acusados depois de novas provas.
As novas provas
Em princípio, os procuradores tinham dúvidas se Fernanda Richa tomava decisões pela empresa. O MPF dizia que o depoimento de André Richa e emails da ex-primeira dama indicavam que era Beto Richa quem dava a palavra final sobre essas transações.
Entretanto, explicações sobre os e-mails, dadas pela própria Fernanda Richa no dia em que o ex-governador foi preso novamente – em janeiro deste ano – fizeram os procuradores chegar à conclusão de que ela participou do suposto esquema.
Segundo o MPF, nos "esclarecimentos que apresentou, Fernanda Richa afirmou textualmente que seu esposo, Carlos Alberto Richa, 'não detinha a palavra final, nem mesmo a gestão, sobre as negociações da empresa Ocaporã'".
No mesmo documento, ela relatou também que discutia em conjunto "acerca do melhor momento para a venda e a compra de imóveis".
Conforme os procuradores, as informações posteriormente trazidas aos autos voluntariamente por Fernanda Richa demonstram sua participação nos fatos criminosos.
Beto Richa é réu em outros três processos.
O que dizem os citados
As defesas de Beto Richa e de Dirceu Pupo vêm dizendo que, por enquanto, preferem não se manifestar sobre o assunto.
Veja, abaixo, a nota enviada pela defesa de Fernanda Richa e de André Richa:
"O Ministério Público Federal acusou o próprio filho do ex-governador para atingi-lo. Após o protesto de Fernanda, resolve acusá-la também. É evidente a situação de excesso de acusação e profunda injustiça. A defesa de Fernanda Richa confia no poder judiciário, que certamente saberá evitar que maiores prejuízos se produzam, pois não cometeu qualquer ilegalidade e refuta as acusações falsas criadas contra ela”.
Veja abaixo, a nota enviada pela defesa da Ocaporã:
"A Ocaporã é uma empresa patrimonial constituída em 2008 para gerir o patrimônio originário de herança do pai de Fernanda; este patrimônio não se confunde com o patrimônio de Carlos Alberto Richa. A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos.
Seu marido, Carlos Alberto Richa, nunca foi sócio ou geriu, nem exerceu qualquer função na empresa. Dirceu Pupo Ferreira é um funcionário responsável pela gestão da empresa, com conhecimento e confiança de Fernanda.
Todas as transações de imóveis ocorreram em razão de oportunidades comerciais reais e lícitas. A empresa jamais realizou qualquer operação com o intuito de ocultar ou dissimular valores"
G1 // AO