Após acender a tocha dos Jogos Paralímpicos, Michel Temer aventurou-se numa prova de arremesso de declarações sobre o microfone.
Uma repórter perguntou-lhe se estava inseguro. “Aconteceu alguma coisa?”, estranhou. O impeachment, disse-lhe outro repórter. E Temer: “Imagine! É uma coisa tão natural na democracia.” Hã?!?
Desde a redemocratização, o brasileiro elegeu quatro presidentes: Collor, FHC, Lula e Dilma. O remédio do impeachment já foi aplicado contra Collor.
Repetindo-se a dose com Dilma, a democracia brasileira exibirá uma taxa de letalidade de 50%. Um observador atento verá no fenômeno evidências de que a democracia brasileira é um sistema político com a cabeça a prêmio.
Um otimista, como Michel Temer, dirá que o alto grau de mortalidade de presidências é prova de que a democracia está cheia de vida.
Tudo parecerá “natural” para alguém que ocupe a vice-presidência no Brasil. Tirando o posto de massagista da Gisele Bündchen, não há no país melhor emprego do que o de vice-presidente. As chances de promoção são altíssimas.