Mais de mil relatórios feitos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sobre a pandemia, projetando aumento no número de casos e mortes no Brasil, foram colocados sobre sigilo durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os documentos, de acordo com a Folha, foram produzidos ao menos entre março de 2020 a julho de 2021. O material tem folhas com carimbos dos dois órgãos ou sem identificação de autor. Os agentes da Abin e do GSI citam o distanciamento social e a vacinação como formas efetivas de controlar a doença, mostram estudos que desaconselham o uso da cloroquina e alertam sobre possibilidade de colapso da rede de saúde e funerária no Brasil.
Os relatórios ainda reconhecem falta de transparência do governo Bolsonaro na divulgação dos dados da pandemia, além de lentidão do Ministério da Saúde para definir estratégias de testagem e combate à doença.
Durante a pandemia, o GSI era comandado pelo general Augusto Heleno, enquanto a Abin estava sob chefia de Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL do Rio. Ao menos 18 relatórios elaborados nos primeiros meses da crise citam risco de "colapso" em diversas regiões do Brasil. Outros 12 documentos de maio de 2020 afirmam que o Brasil não havia atingido o pico da doença.
Procurados pela publicação, Heleno e Ramagem não se manifestaram.