Condenado a 14 anos de reclusão após ser encontrado em um 'bunker' malas com R$ 51 milhões em espécie, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (MDB) relatou ter sofrido pressão da polícia e do Ministério Público (MPF) para delatar aliados.
Em sua primeira entrevista desde que deixou a prisão, ao programa Isso é Bahia, da rádio A Tarde FM, na manhã desta segunda-feira (19), Geddel contou que as ameaças beiravam a "chantagem", mas que não é da sua índole a traição.
Dotado de referências literárias e da história, o emedebista relembrou o icônico Joaquim Silvério dos Reis, notável na história como um traidor da Inconfidência Mineira.
"Era uma coisa insuportável, chegavam às raias da chantagem. Não foi só o MP, mas promotor, juíza da execução penal. Não havia qualquer explicação que eu fosse dar, que não ia envolver terceiros, ia destruir famílias. O raio caiu na minha cabeça e vou carregar isso. Não tenho vocação para Joaquim Silvério dos Reis, nunca passou pela minha cabeça a ideia de aliviar para mim e delatar os outros. Não é do meu estilo", explicou.
Em liberdade condicional, o ex-ministro postou recentemente a foto que ficou famosa com as malas de dinheiro, cruciais para a sua condenação, e disse ter "flechas" para se defender de possíveis ataques.
Questionado se a frase tinha uma conotação de ameaça, Geddel disse que não, mas que vai dosar a sua reação de acordo com o tom utilizado por aqueles que o criticam.
Ele ainda destacou que não conhece um outro político no estado ou no país, que tenha condição "política ou moral" para julgá-lo.
"Não reconheço no Brasil e na Bahia uma autoridade política ou moral, que possa apontar o dedo para mim. Apontem e as flechas virão. E agora não seria delação de nada, e nem é uma ameaça, é luta política", sentenciou.
Novamente perguntado se teria muito mais a revelar, Geddel seguiu em uma postura enigmática.
"Terei sempre algo a dizer sempre, nunca disse tudo o que tenho sobre nada, seja política, amor…Do jeito que vierem as colocações, vou dar colocações, isso é uma definição de estilo. Direi ou não direi, a depender de como venham", resumiu.