Defensores da garimpagem no Brasil pedem a ajuda ao governo brasileiro para que dezenas de milhares de garimpeiros deixem a Terra Indígena (TI) Yanomami, que abrange parte dos estados de Roraima e do Amazonas.
Muitos garimpeiros começaram a deixar a área logo após o governo federal anunciar que a retirada dos não indígenas da reserva yanomami é uma prioridade e que, se necessário, empregaria as forças de segurança do estado para cumprir o chamado processo de desintrusão.
Os próprios representantes do governo federal, como a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, já confirmaram ter informações de órgãos de inteligência sobre a mobilização de garimpeiros para deixar a área.
Hoje o ministro da Justiça anunciou que o governo federal iniciará, nesta semana, a segunda fase do plano de ação na terra indígena, passando da fase de assistência humanitária para a fase policial, de caráter coercitivo contra garimpeiros e, principalmente, contra os financiadores da atividade mineral ilegal em áreas de proteção.
Representantes dos garimpeiros alegam, no entanto, que algumas das medidas que o governo federal colocou em prática para forçar a saída deles da área – como o controle do espaço aéreo e a proibição de ingresso de não indígenas na TI – dificultaram a movimentação no interior da maior terra indígena do país, com cerca de 9,6 milhões de hectares (cada hectare corresponde às medidas aproximadas de um campo de futebol oficial).
“A lei tem que ser cumprida. Não vamos discutir isso, mas precisamos que o governo federal ajude os trabalhadores em algumas questões”, declarou à Agência Brasil o coordenador de articulação política do Movimento Garimpo é Legal, Jailson Mesquita.
De acordo com Mesquita, devido às proibições que o governo federal impôs ao longo das últimas duas semanas, garimpeiros que se encontram em áreas remotas para onde foram levados de avião ou em barcos já não conseguem encontrar transporte para retornar aos centros urbanos.
Ainda segundo Mesquita, muitos destes garimpeiros estão se reunindo em grupos para se aventurar a deixar a TI a pé, pela floresta amazônica, o que, em alguns casos, pode durar mais de 20 dias.
“Isso é uma tragédia anunciada, o provável começo de uma nova crise humanitária. Estamos falando de trabalhadores. Há pessoas já não são tão jovens, com mais de 40 anos, mais de 50 anos; mulheres e muitas pessoas que nunca fizeram uma caminhada como esta. Fora que há o risco destes grupos se encontrarem com grupos indígenas e, disso, resultar em um confronto, com garimpeiros e índios se matando mutuamente”, acrescentou Mesquita.
Embora não tenham se reunido com nenhum representante do Poder Executivo federal, os representantes dos garimpeiros entregaram a parlamentares de Roraima e ao governo estadual uma lista de ações que esperam que o Poder Público execute a fim de facilitar a saída dos garimpeiros da área.