Política

Gabrielli diz que nunca teve conversa sobre propina com Antonio Palocci

Ex-presidente da Petrobras prestou depoimento em ação da Lava Jato.

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Depoimento de Gabrielli durou cerca de uma hora (Foto: Henrique Mendes/G1)O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou ao G1, na manhã desta terça-feira (14), logo após o depoimento por videoconferência ao juiz Sérgio Moro, que nunca teve informações de pagamento de propina da Odebrecht para o ex-ministro Antonio Palocci, para que pudesse usar a influência que tinha sobre o governo para viabilizar contratos com a empreiteira. "Afirmei [em depoimento] que nunca tive nenhuma conversa individual com Palocci sobre qualquer situação de propina. Nunca tive. Portanto, não tenho porque afirmar nada sobre isso, porque não tenho conhecimento sobre isso", disse. Gabrielli depôs por cerca de uma hora na sede da Justiça Federal, em Salvador, como testemunha de defesa em uma das ações da Operação Lava Jato. Ele foi chamado pelos advogados de Palocci, do ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque.

O ex-presidente da Petrobras disse que deu respostas técnicas ao juiz sobre contratação de sondas e também sobre o setor petroquímico. "Fiz um depoimento sobre as estratégias da Petrobras sobre a construção dos estaleiros no Brasil e a expansão da indústria naval brasileira", contou.

Gabrielli também afirmou que, em relação ao setor petroquímico e à Braskem, falou sobre a "necessidade da Petrobras voltar à petroquímica, que estava afastada, porque essa era a tendência mundial. De uma lado, aproxima o refino da petroquímica, e do outro aumenta o capital de cada empresa".

Investigações
Esse processo apura um suposto pagamento de propina por parte do Grupo Odebrecht a Palocci, para que ele usasse a sua influência no governo federal para viabilizar contratos entre a empresa e a Petrobras. As investigações deram origem à 35ª fase da Operação Lava Jato, que culminou na prisão preventiva do ex-ministro. Palocci nega as acusações.

Gabrielli já prestou diversos depoimentos na Operação Lava Jato, sempre na condição de testemunha. Ele não é réu em nenhum processo da Lava Jato.

Depoimento de Emílio Odebrecht 
O pai de Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht, foi ouvido pelo juiz Sérgio Moro na segunda-feira (13), na condição de testemunha do seu filho, Marcelo. Ele disse que jamais tratou de pagamentos ilícitos com Antonio Palocci, mas "não tem dúvidas" de que ele pode ter sido um dos operadores do PT e recebido recursos em favor do partido.

O ex-funcionário da Odebrecht Márcio Faria de Albuquerque foi outra pessoa ligada à empresa que também falou no processo. Ele disse diversas vezes, em depoimento à Justiça nesta segunda, que Palocci era o “italiano” que aparecia planilhas de pagamento de propinas da Odebrecht. O ex-ministro nega. A mesma afirmação também foi feita pelo ex-diretor da empreiteira Fernando Sampaio Barbosa, em depoimento prestado em 6 de março.

Emílio e Márcio fazem parte do rol de delatores do Grupo Odebrecht. Além deles, Moro ouviu mais 14 testemunhas na segunda, incluindo o vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP), que negou saber de qualquer ato ilícito envolvendo Antonio Palocci.

Mais audiências marcadas
Esse processo deve seguir na fase de depoimentos de testemunhas até o dia 29 de março. Os réus arrolaram figuras como os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Marta Suplicy (PMDB-SP), Armando Monteiro (PTB-PE), e Jorge Viana (PT-AC), deputados federais e até a ex-presidente Dilma Rousseff.

No dia 31 de março, Moro começa a ouvir os depoimentos dos réus. Essa fase deve terminar no dia 19 de abril, com os depoimentos de Palocci e do assessor dele, Branislav Kontic.

Após o fim dos depoimentos, Moro deve abrir prazo para que sejam feitas novas diligências, se as defesas ou o Ministério Público Federal (MPF) solicitarem. Encerradas as possíveis diligências, as partes começam a apresentar as alegações finais, preparando o processo para a sentença, que poderá condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença seja definida.

Reprodução: G1 BA