Política

Fortuna, em SC, e Fartura, no Piauí, revelam diferenças no perfil do eleitorado

Duas pequenas cidades de nomes sugestivos representam o tesouro eleitoral dos candidatos à Presidência.

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Duas pequenas cidades de nomes sugestivos representam o tesouro eleitoral dos candidatos à Presidência. Em Santa Catarina – onde o capitão reformado recebeu 65% dos votos – Rio Fortuna tem o perfil do eleitorado de Jair Bolsonaro (PSL): mais rico, branco e escolarizado do que a média brasileira.

Do outro lado do Brasil, no Piauí – onde Fernando Haddad (PT) teve 63% da votação -, Fartura do Piauí é um retrato dos eleitores que o PT buscou fidelizar: mais pobres, mais negros e com menos acesso ao ensino superior do que a média nacional.

Os municípios indicam que o nível de desenvolvimento de uma cidade pode estar ligado à quantidade de votos recebidos por determinado candidato. No gráfico de dispersão dos votos para o PSL no primeiro turno, quanto maior o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), maior a votação do candidato.

Com 80,2% dos votos para Bolsonaro, Rio Fortuna tem o 25º maior IDH do País: 0,806 – índice mais alto do que o de São Paulo. Esse número é calculado levando-se em conta a expectativa de vida ao nascer, a renda per capita e a escolaridade da população adulta – estatísticas em que o município de 4,5 mil habitantes vai bem.

A economia é baseada na agricultura familiar e na pecuária. A renda per capita é quase duas vezes maior que a nacional: R$ 1,5 mil, segundo o site Datapedia. A porcentagem da população branca é de 96,9%.

Outro fator, geográfico, pode ter contribuído para o bom desempenho de Bolsonaro em Rio Fortuna. Santa Catarina foi o Estado em que obteve sua maior votação. De maneira geral, na Região Sul, assim como no Centro-Oeste e no Sudeste, o capitão reformado venceria no primeiro turno.

A votação para Haddad se concentra entre os municípios de menor IDH, especialmente os do Nordeste. Entre eles, está Fartura do Piauí, cidade que depositou 86,8% de seus votos no candidato do PT, com IDH 0,548 – considerado muito baixo.

O elemento que mais puxa o índice do município para baixo é a educação – dos pouco mais de 5,2 mil habitantes, apenas 5,6% têm acesso ao ensino superior e 31,9% ao ensino médio. Em Fartura, a renda per capita é R$ 186,85, e 79,26% da população é negra, de acordo com dados do Datapedia.

Estadão // AO