Política

Forças Armadas exigem vacinas de militares, mas não contra a Covid-19

A Aeronáutica prevê que pilotos e tripulantes apresentem, nas inspeções de saúde, certificação de vacina contra febre amarela, tétano e hepatite B

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado

As Forças Armadas permitem que militares da ativa deixem de se vacinar contra a Covid-19, embora haja obrigatoriedade estabelecida para imunização contra febre amarela, tétano, hepatite B e outras doenças.

A dispensa de exigência na caserna se estende a inspeções de saúde em situações específicas e a missões militares dentro e fora do país.

A Folha pediu ao Ministério da Defesa e às três Forças —Exército, Marinha e Aeronáutica— dados de vacinação e de rejeição à vacinação contra Covid-19 entre os militares brasileiros, além de explicações sobre obrigatoriedade de imunização. Não houve resposta por parte de nenhuma das instituições.

De acordo com a Follha, generais que comandam tropas no Exército afirmaram, sob a condição de anonimato, que não há obrigatoriedade de vacina contra Covid-19 porque não há uma lei que exija essa imunização nos quartéis. Assim, segundo esses militares, não faz sentido cobrar a vacinação nem mesmo nas inspeções de saúde feitas para a permanência na ativa.

A escolha é feita pelo militar, sem a necessidade de assinatura de um termo de responsabilidade, conforme esses generais. Vacinas como a relacionada à febre amarela são exigidas para missões em áreas endêmicas, dentro e fora do Brasil. O mesmo não ocorre com o imunizante contra a Covid-19.

Para missões internacionais, segundo as fontes ouvidas pela reportagem, a imunização acaba ganhando caráter obrigatório em razão de exigências feitas nos países.

Apesar de não haver obrigação, há incentivo para que os militares se vacinem, segundo os generais ouvidos.

Na Marinha, as normas existentes para inspeção de saúde preveem avaliação do cumprimento do calendário de vacinação militar, definido pelo Ministério da Defesa, e até mesmo incapacitação de militares que não tiverem cumprido o esquema de vacinação e que forem servir em locais com baixa assistência sanitária.

Militares da Marinha ouvidos pela reportagem disseram que as inspeções não vêm exigindo a vacinação contra Covid-19.

A Aeronáutica prevê que pilotos e tripulantes apresentem, nas inspeções de saúde, certificação de vacina contra febre amarela, tétano e hepatite B.

Para quem quis se vacinar, houve prioridade aos militares nas três Forças, em comparação com os civis, como mostraram reportagens publicadas pela Folha em junho e em julho. Integrantes da caserna furaram a fila num momento em que faltavam vacinas para a maioria da população.